Continua impasse sobre orçamento nos EUA; governo pode parar
Membros do Congresso continuam num impasse sobre o tamanho e a composição dos cortes incluídos na proposta, que precisa ser aprovada hoje sob pena de paralisar o setor público.
Publicado 08/04/2011 13:05
As mais recentes negociações sobre a proposta do Orçamento dos EUA foram encerradas no início da madrugada desta sexta-feira (8), mas os membros do Congresso continuam num impasse sobre o tamanho e a composição dos cortes incluídos na proposta. O prazo para aprovação expira à meia-noite, disse um assessor do Partido Republicano, preparando o terreno para um possível bloqueio hoje à tarde.
Sem acordo
O assessor disse que não estava claro quando os funcionários ou os principais negociadores se reunirão de novo. E acrescentou: "Não houve muito movimento sobre os cortes". Segundo ele, as diferenças sobre os itens políticos na medida de gastos ou restrições sobre o uso de dinheiro para programas específicos tinham diminuído. Mas ele não forneceu mais detalhes.
Os comentários foram feitos depois que o presidente Barack Obama, o presidente da Câmara, John Boehner, e o líder da maioria democrata no Senado, Leader Harry Reid, realizarem reunião na noite de ontem na Casa Branca, sem conseguirem, no entanto, chegar a um acordo sobre a proposta dos gastos.
Setor público ameaçado
Obama disse, após a reunião de uma hora de duração com Boehner (Partido Republicano/Ohio) e Reid (Partido Democrata/Nevada), que "espera" uma resposta dos líderes do Congresso na manhã desta sexta-feira sobre os gastos e expressou confiança de que um acordo poderá ser assinado. Ainda, não há "nenhuma certeza", disse Obama, acrescentando que é inaceitável que um acordo não tenha sido alcançado neste momento.
Reid e Boehner afirmaram numa declaração conjunta que suas diferenças "foram reduzidas", mas que nenhum acordo tinha sido alcançado. "Vamos continuar a trabalhar durante a noite para tentar resolver nossas diferenças restantes", dizia o comunicado.
Se o Congresso não chegar a um acordo sobre a proposta orçamentária até a meia-noite de hoje, o setor público norte-americano ficará paralisado por falta de recursos pela primeira vez em 15 anos. Algo parecido ocorreu durante o governo de Bill Clinton, em 1996.
Recessão
Obama disse que a incipiente e frágil recuperação econômica do país está em jogo no Parlamento, insinuando que a não aprovação do orçamento pode trazer de volta a recessão. Segundo ele, centenas de milhares de funcionários públicos ficarão sem trabalho, temporariamente, e algumas pessoas deixariam de receber seus salários.
Embora o presidente não tenha enumerado na quinta-feira as diferenças entre os membros do Congresso a respeito da proposta, os democratas disseram ao longo do dia que o ponto de discórdia gira em torno de uma série de disposições introduzidas pelos republicanos, incluindo uma medida para evitar que os recursos públicos sejam utilizados para fazer abortos. Os republicanos dizem que as medidas estão em linha com as disposições apoiadas pelos democratas anteriormente.
De quem é a culpa?
Os republicanos disseram que a culpa pela paralisação do setor público iria recair sobre os ombros do Partido Democrata. O senador republicano Mitch McConnell, de Kentucky, disse que o projeto de lei para providenciar financiamento temporário ao governo dos EUA aprovado ontem pela Câmara dos Representantes era pouco controverso, visto que tinha recebido o apoio de senadores democratas anteriormente.
O projeto de lei, que visa impedir que o poder público seja paralisado nas próximas 24 horas por falta de dinheiro, recebeu 247 votos a favor e 181 contra. A proposta prevê a prorrogação do financiamento ao governo federal até 15 de abril e estende o financiamento para o Pentágono até 30 de setembro – data de encerramento do atual ano fiscal norte-americano.
A paralisação, disse o governo, afetará cerca de 800 mil funcionários federais e tem o potencial para interromper a recuperação econômica. As restituições fiscais serão interrompidas, o pagamento a soldados será suspenso temporariamente e alguns empréstimos à habitação não serão processados. Tudo isso pode ocorrer enquanto a economia está recuperando-se de uma profunda recessão. O texto ainda precisa passar pelo Senado, que possui maioria democrata. Ao longo dos últimos dias, Obama se reuniu três vezes com o presidente e líderes do Congresso, mas não solucionou o impasse.
Com agências