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Dólar ignora medidas do governo e continua descendo a ladeira

Sem surpresa, o dólar opera abaixo de R$ 1,60 no pregão desta quinta-feira (7). Tal linha era respeitada desde 7 de agosto de 2008. O que mais chama atenção é que a queda de preço teve ajuda do governo, já que a Fazenda ameaçou e não entregou firmes medidas na área cambial.

O dólar comercial encerrou o dia em baixa de 1,73%, cotado a R$ 1,586 no mercado interbancário de câmbio, o menor valor desde 6 de agosto de 2008, quando foi cotado a R$ 1,577. A mínima registrada à tarde foi de R$ 1,583 (baixa de 1,92%) e a máxima, pela manhã, de R$ 1,601 (baixa de 0,81%). Em abril, a desvalorização acumulada é de 2,70% e, no ano, de 4,69%. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar negociado à vista encerrou com queda de 1,71%, a R$ 1,585. 

Sem surpresas

Vendas também no mercado futuro, onde o dólar para maio, negociado na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), se desvalorizava 1,41%, a R$ 1,597.

Por volta das 13h30 de ontem, a Fazenda anunciou que traria novas medidas no câmbio no fim da tarde. O mercado mudou de cara e se preparou para o pior. No entanto, a “canetada” não surpreendeu.

O que a Fazenda fez foi estender o prazo de isenção tributária para captações externas de bancos e empresas. Agora, para ficar livre de 6% de IOF, as instituições devem contratar empréstimos com no mínimo dois anos.

Paliativo

Na verdade, a medida nem é nova. É uma revisão da decisão anunciada na semana passada, que tinha colocado esse “pedágio” de 6% em empréstimos inferiores a um ano. É um paliativo que parece ter incentivado o mercado a aumentar a aposta na valorização do real.

Como a medida foi mais fraca que o esperado quem comprou dólares ontem, saiu vendendo e quem esperava para ver, também passou a ofertar moeda americana.

Novas medidas?

Fica a dúvida, agora, quando a Fazenda volta a ameaçar o mercado em função da queda de preço do dólar. Ontem, o ministro Guido Mantega falou que tem um rol de medidas. No entanto, ponderou que não pode ser muito agressivo, pois não quer afastar os investimentos.

No câmbio externo, o euro perde valor após a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de elevar a taxa básica da zona do euro em 0,25 ponto percentual, para 1,25%. Segundo analistas externos, os agentes tinham precificado uma série de altas, mas não ficou claro se isso vai acontecer. Há pouco, o euro caía 0,36%, a US$ 1,428.

O comportamento da moeda norte-americana no mercado de câmbio brasileiro é influenciado por diferentes fatores, com destaque para a política monetária expansionista dos Estados Unidos, que amplia a oferta de dólar no mundo.

Arbitragem

Ao lado do excesso de liquidez, a taxa real de juro praticada no Brasil (a mais alta do mundo) atrai investimentos especulativos atrás de lucros fáceis e seguros através da chamada arbitragem,definida como uma operação de compra e venda de valores, realizada com o objetivo de ganhos econômicos sobre a diferença de preços existente, para um mesmo ativo, entre dois mercados.

No caso, os investidores contraem empréstimos nos Estados Unidos ou Japão, a taxas de juros que vão de 0% a 0,25%, e investem por exemplo em títulos emitidos pelo governo brasileiro indexados à taxa básica de juros (Selic), fixada em 11,75% na última reunião do Banco Central.

Para evitar a arbitragem, o Brasil teria que reduzir substancialmente as taxas de juros, o que não está no horizonte de curto prazo do governo ou do Banco Central. Outro caminho é controlar e centralizar o câmbio, ponto fim ao luxo do câmbio flutuante e coibindo a livre circulação de capitais, a exemplo do que faz a China e outros países.

Da Redação, com informações do Valor