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Acidente nuclear no Japão é elevado ao nível máximo de alerta

A agência de segurança nuclear do Japão elevou o grau de seriedade do acidente nuclear na usina Daiichi, em Fukushima, de 5 para 7 na escala Ines (International Nuclear and Radiological Event Scale) – o maior nível na escala internacional de gravidade.

Segundo a rede local de televisão NHK, a decisão foi tomada nesta segunda-feira (11) pela Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão. No nível 7, o acidente nuclear japonês torna-se tão grave quanto o desastre nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Antes da nova classificação, ele era comparável ao acidente de Three Mile Island, que aconteceu nos EUA em 1979.

A elevação do alerta foi baseada numa estimativa de que já foram lançados para a atmosfera materiais radioativos que excedem os critérios para o nível 7. Mais precisamente, a agência de segurança nuclear informou que os reatores 1, 2 e 3 da central de Fukushima 1 liberaram para a atmosfera entre 370 mil e 630 mil terabecquerels de materiais radioativos, nomeadamente de iodo-131 e césio 137.

O presidente da Comissão de Segurança Nuclear do Japão, Haruki Madarame, estimou que a usina liberou por um bom tempo 10 mil terabecquerels por hora e desde então reduziu o nível dessas emissões para 1 terabecquerel por hora.

Segundo explicou nesta terça-feira (12), José Marques, investigador do Instituto Tecnológico e Nuclear, em Sacavém, e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, este aumento para o nível 7 não quer dizer que a situação na central se agravou. "A radiação já foi libertada. O que aconteceu foi que as autoridades japonesas deixaram de avaliar as emissões de cada reator em separado e decidiram juntar as emissões dos reatores 1, 2 e 3. Esse acumular de radioatividade é que justifica o nível 7". Para ele, esta "reavaliação é realista".

"Mesmo antes desta decisão já considerávamos que o acidente era muito sério. Nesse sentido, não haverá grandes alterações à forma como estamos a lidar com a situação", explicou um dos responsáveis da agência de segurança nuclear, citado pela agência Reuters.

Fukushima X Chernobyl

O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, pediu desculpas "aos moradores da zona de Fukushima, ao povo do Japão e à comunidade internacional".

Também a operadora da central, a Tepco (Tokyo Electric Power Company), pediu desculpas por não ter conseguido estancar a fuga de radiação. Autoridades japonesas lembram que Fukushima é muito diferente de Chernobyl . Segundo Hidehiko Nishiyama, porta-voz da agência de segurança nuclear, em Fukushima ninguém morreu por causa da exposição à radiação e acrescentou que os próprios reatores não explodiram como aconteceu em Chernobyl .

Recuperação lenta

A crise nuclear na central de Fukushima, com seis reatores, começou a 11 de março, há mais de um mês. "Hoje, a situação é melhor do que, por exemplo, há duas semanas", comentou José Marques, referindo um "período mais calmo" no complexo. Apesar disso, a "recuperação será extremamente lenta".

Com informações das agências