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Empresa que opera Fukushima poderá ter de pagar até R$ 41 bilhões

De acordo com uma avaliação do JP Morgan, a Tokyo Electric Power Company (Tepco), empresa que opera a usina nuclear de Fukushima, no Japão, poderá ter de pagar até US$ 26 bilhões (cerca de R$ 41 bilhões) em indenizações por causa dos danos provocados pelo vazamento de radiação da central nuclear.

Nesta terça-feira (12) as autoridades do Japão elevaram a gravidade da crise nuclear no país para o nível 7, o mesmo que classifica o acidente nuclear de Tchernobyl, em 1986.

A decisão de elevar o nível de ameaça foi tomada depois que especialistas estimaram em o nível de radiação em 10 mil terabecquerels (TBq) por hora na usina de Fukushima por várias horas. A medição seria compatível com a classificação de nível sete, segundo a Escala Internacional de Eventos Nucleares.

Não ficou claro quando exatamente esse nível foi atingido, mas os níveis teriam em seguida caído para menos de um TBq por hora, segundo relatos locais. O nível sete significa "um grande acidente" com "consequências mais amplas" que o nível anterior, segundo as explicações dos especialistas.

Legislação

Enquanto a companhia tenta conter a crise nuclear, as ações da Tepco registraram queda na bolsa de valores de Tóquio. As ações da Tepco perderam mais de 75% de seu valor desde 11 de março e estão chegando à cotação mais baixa já registrada. O governo japonês já manifestou a ideia de estatizar a empresa.

Até o último fim de semana, o grau de gravidade da crise nuclear no Japão estava no nível cinco, o mesmo do acidente em Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979.

Ao anunciar a mudança, um representante da Comissão de Segurança Nuclear do Japão afirmou que se tratava de uma avaliação preliminar que ainda precisa ser confirmada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

"Estamos elevando o nível de gravidade para sete já que o impacto dos vazamentos de radiação se alastrou pelo ar, alimentos, água encanada e o mar", disse Minoru Ogoda, da Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão.

Um representante da Tepco disse hoje também que os vazamentos radioativos não foram solucionados e podem exceder o que aconteceu em Tchernobyl.

No entanto, o governo do país, por meio de um porta-voz da Agência de Segurança Nuclear japonesa, alega que os vazamentos "são pequenos". "Em termos de volume de materiais radioativos liberados, nossas estimativas mostram que se trata de cerca de 10% do vazamento de Tchernobyl", alega.

Ao mesmo tempo, o governo também decidiu ampliar a zona de evacuação em torno da usina nuclear afetada, amedrontado com o vazamento radioativo.

A zona passará a incluir cinco comunidades além do raio de 20 quilômetros estabelecido anteriormente, após novas informações sobre os níveis de radiação acumulada, que teriam ultrapassado os limites anuais em áreas 60 km a noroeste da usina e cerca de 40 quilômetros a sul-sudoeste do local.

Diferenças marcantes de mesma gravidade

Apesar das consequências, que podem ser similares, especialistas afirmam que há uma série de diferenças entre as usinas acidentadas de Tchernobyl e Fukushima. O acidente em Tchernobyl foi provocado por um conjunto de fatores desencadeados em um teste, enquanto o acidente em Fukushima ocorreu em seguida a um terremoto e um tsunami.

Os especialistas destacam que a unidade quatro da usina nuclear de Tchernobyl (as outras unidades foram desativada em definitivo no ano 2000) era um reator moderado por grafite e refrigerado por água, enquanto que em Fukushima os reatores com água fervendo carecem de um núcleo de combustível de grafite.

Neste caso, o combustível nuclear entrou em fusão, pelo menos parcial, mas os operadores conseguiram desde então resfriar tanto os reatores como as piscinas de combustível usado e, por enquanto, não se produziu uma reação em cadeia.

Mesmo assim comparam as estruturas de contenção, já que Tchernobyl não possuia uma como a de Fukushima e nada deteve o escape dos materiais radioativos.

Os reatores de Fukushima, construídos anos depois, foram feitos sobre fundações de granito e rodeados por estruturas de aço e concreto, embora as estruturas de contenção, assim como algumas tubulações conectadas com o reator, poderiam sofrer danos com terremotos ou tsunamis.

Tchernobyl contaminou uma área de até 500 km a partir da usina e um perímetro de 30 km ao seu redor e se mantém hoje e por mais quatro mil anos como uma área de exclusão e permanentemente desabitada.

Todavia, em Fukushima não foi possível avaliar o impacto na população e no meio ambiente, já que os trabalhos de medição não foram concluídos ainda.

Mesmo assim, é possível que, no caso das duas centrais nucleares acidentadas, seja impossível avaliar a dimensão dos danos em toda a sua magnitude, restando a certeza somente de que as sequelas da catástrofe permanecerão por várias gerações.

Com agências