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China e Estados Unidos: diálogo em novo contexto

A China e os Estados Unidos começam a partir desta segunda-feira (9) seu terceiro diálogo estratégico e econômico, encontro que se realizará em um contexto favorecido pela visita do presidente Hu Jintao a Washington em janeiro passado.

Por Luis Melian

Temas das relações bilaterais e outros internacionais de interesse comum serão abordados nessas conversações de dois dias, as quais serão presididas da parte chinesa pelo vice-primeiro ministro Wang Qishan e pelo Conselheiro de Estado Dai Bingguo.

Seus anfitriões serão a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o secretário do Tesouro, Timothy Geithner.

Pequim espera que que esses contatos se concentrem no propósito de levar à prática os termos do consenso alcançado por Hu Jintao e seu homólogo Barack Obama para construir uma parceria cooperativa baseada no respeito e benefício mútuos, disse a porta-voz da chancelaria, Jiang Yu.

Sem que tudo seja cor de rosa, o certo é que o ambiente para essas reuniões é menos tenso que o de outros momentos, como no início do ano passado, quando os Estados Unidos anunciaram uma venda de armas a Taiwan, ação fortemente rechaçada pela China.

Pouco a pouco os vínculos começaram a recuperar normalidade, até concretizar-se a mencionada visita do mandatário chinês, precedida de outros encontros entre importantes autoridades.

Com essa viagem, a distensão ganhou terreno e entre seus resultados concretos destacaram-se acordos econômicos n o valor de 45 bilhões de dólares e acordos de cooperação na indústria espacial, agricultura, saúde, energia e meio ambiente, entre outras áreas.

Por tratar-se de relações amplas, as duas principais economias do mundo têm muito de que falar, inclusive sob re as diferenças em torno de alguns temas.

Apesar do contexto favorável em que terão lugar, as novas conversações se efetuarão logo depois que essas relações registraram certas tensões.

Um dos campos em que estas tensões se manifestaram recentemente foi o dos direitos humanos, com a resposta da China a um informe sobre o tema divulgado pelos Estados Unidos no mês passado.

Na ocasião, o governo chinês assegurou que os Estados Unidos utilizam o citado assunto como instrumento político para desacreditar outras nações e conseguir seus interesses estratégicos.

A reação incluiu a mensagem de que o texto estadunidense "está repleto de distorções e acusações sobre a situação dos direitos humanos em mais de 190 países e regiões", enquanto a Casa Branca faz vistas grossas a respeito de sua própria realidade.

Há poucos dias delegações de ambos os países dialogaram em Pequim sobre o tema, sobre o qual a China afirma estar disposta a conversar e intercambiar opiniões com outras nações com base na igualdade e no respeito mútuo, segundo deixou claro o vice-chanceler Cui Tiankai na última sexta-feira (6).

Ao referir-se ao encontro que se inicia nesta segunda, Cui manifestou a esperança de que os Estados Unidos no dediquem demasiada energia a casos individuais ou àqueles que implicam violações das leis chinesas.

Em data recente, a China chamou a Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos, pertencente ao governo federal e de caráter independente e bipartidário, a deixar de imiscuir-se nos seus assuntos internos, ao refutar um informe no qual a citada comissão critica a China.

Enquanto isso,um documento sobre os Direitos de Propriedade Intelectual (DPI) emitido por Washington também provocou outra resposta do gigante asiático, ao qual a outra parte mantém na Lista de Observação Prioritária deste ano.

A esse respeito, Pequim instou os Estados Unidos a avaliar de maneira mais objetiva e justa os esforços deste país voltados para proteger os DPI.

Em face desta reunião, a China pediu igualmente que cesse o tratamento discriminatório a suas empresas interessadas em investir no mercado estadunidense.

Este será um dos temas da agenda econômica, na qual figurarará o comércio, entre outros temas.

Segundo se informou, nesta ocasião ambos os países sustentarão, além do mais, seu primeiro diálogo estratégico sobre segurança, com a participação também de funcionários de alto nível dos respectivos departamentos diplomáticos e militares.

Esse último encontro precederá uma visita aos Estados Unidos do chefe do Estado Maior Geral do Exército Popular de Libertação, Chen Bingde, a partir do próximo dia 15.

Os resultados de todos esses contatos ainda estão por verificar-se, mas é de se esperar que as conversações contribuam para reduzir as tensões, condição necessária para avançar para vínculos de maior confiança e benefício mútuo.

Então, os diálogos terão sido válidos como reflexo de um novo contexto.

Fonte: Prensa Latina