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Mães de maio lançam livro nesta quinta

 A ONG Mães de Maio, inspirada na entidade argentina composta por mães de perseguidos políticos durante a ditadura, acaba de lançar na web o livro "Mães de Maio – Do Luto à Luta", retratando o olhar de familiares dos jovens mortos por policiais em maio de 2006, período em que ocorriam ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital), durante o governo de Claudio Lembro (DEM) no estado de São Paulo.

- Mães de Maio/Jornal Percurso

"O estado (de SP) está matando o trabalhador, a polícia matou meu filho. Falta boa vontade para mostrar que, na suposta reação policial, inocentes foram mortos", afirmou a coordenadora da entidade, Débora Maria da Silva, mãe de Edson Rogério Silva dos Santos, 29, que era gari e foi assassinado durante os ataques.

Lançamento do livro

O lançamento oficial da obra ocorre em um ato público na próxima quinta-feira (12), no Sindicato dos Jornalistas, sob a convocatória: "Mães que perderam seus filhos nos Crimes de Maio de 2006 em São Paulo contam sua trajetória em busca da verdade e da justiça. Foram 493 mortos na semana do dia das Mães, 70% deles com idade entre 11 e 29 anos. Até hoje elas não têm resposta – muito menos justiça".Cinco anos de violência.

Esta segunda (9) marca o aniversário de 5 anos da onda de ataques da facção criminosa no Estado, que matou cerca de 490 pessoas, sendo que em 122 casos a morte foi causada por ação policial.

Foto: Evelson de Freitas/02.09.2009/AE
Mães de Maio fazem protesto em setembro de 2009 espalhando cartazes com fotos de vítimas do ataque da facção criminosa à cidade de São Paulo

Informações do estudo "São Paulo Sob Achaque", produzido pela ONG de defesa de direitos humanos Justiça Global e pela Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, indicam que a corrupção policial contra membros do grupo, a falta de integração dos aparatos repressivos do Estado e a transferência que uniu 765 chefes do PCC na prisão de segurança máxima de Presidente Venceslau, foram os três principais fatores que permitiram a onda de violência.

Sandra Carvalho, diretora da ONG Justiça Global, afirmou em nota: "O maio de 2006 não foi puramente uma manifestação da violência, precisamos ter a visão do todo e como esse todo contribuiu para a eclosão daquele momento. […] Passados cinco anos, nossa pesquisa indica que não foram construídos mecanismos eficazes, consistentes de superação e de enfrentamento para essa situação".

Negociação

O documento também aponta que passados dois dias após os primeiros atentados, o então governador Claudio Lembo (DEM) enviou representantes para uma negociação com chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC) em um presídio, pedindo o fim dos ataques. O governo nega as informações.

Quase cinco anos após os crimes de maio, as mães que tiveram seus filhos assassinados em uma retaliação aos ataques de uma facção criminosa que age a partir dos presídios paulistas ainda não viram a Justiça ser feita para os seus filhos. Os crimes foram cometidos em um período de 20 dias, contados a partir de 12 de maio de 2006. No total, 493 pessoas foram mortas em todo o Estado, sendo 446 civis. De acordo com o movimento Mães de Maio, a maioria desses casos foi arquivado pela Justiça.

Fonte: MTV, com informações do R7

Matéria atualizada às 19h44 para substituição do termo "criminosos" por "jovens" no início da matéria