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Mazé Leite: o cinema que resiste

Ontem (9) à noite, no Espaço Unibanco, uma das mais importantes referências de sala de cinema de São Paulo, 260 pessoas lotaram a sala 1 para assistir ao filme Botinas no Elevador, um curta metragem que tem a direção de João Luiz de Brito Neto.

Por Mazé Leite

O roteiro — de Edson Araújo Lima — conta alguns momentos da vida de João Luiz como militante político em pleno período de Ditadura Militar no Brasil. João era do Partido Comunista, além de já ser envolvido com o cinema e com os cineclubes de São Paulo.

O filme não é literal, mas apresenta de forma ágil e simbólica, um pouco do que foram aqueles anos de falta de liberdade, quando, mesmo assim, milhares de brasileiros pelo país a fora, resistiam. Muito morreram, muitos desapareceram, muitos foram torturados, presos, marcados. Ao final do filme, uma lista completa com todos os nomes dessas pessoas — verdadeiros heróis do povo brasileiro — que morreram e desapareceram. Também faz agradecimentos a dirigentes comunistas importantes, como João Amazonas, um dos principais líderes do Partido Comunista do Brasil.

Foi muito interessante — emocionante até — ver como o movimento do cinema independente, dessas pessoas que resistem, há décadas já, no movimento cineclubista de São Paulo, consegue reunir tanta gente numa segunda-feira às 21h30! Pessoas amantes do cinema, artistas, intelectuais, cineclubistas, atores, roteiristas, produtores culturais, estudantes universitários… todos estavam ali. E todos aplaudiram de pé — quando acabou o filme — a lista dos nomes de militantes de esquerda brasileiros mortos e desaparecidos da época da ditadura.

Mais uma vez mostra a necessidade, cada vez mais urgente, de o Poder Público investir, apostar mais nesses artistas brasileiros de todas as áreas que continuam produzindo arte, enriquecendo o imenso acervo nacional, na imensa maioria das vezes sem recursos financeiros, sem incentivo a não ser a sua imensa vontade individual de criar.