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Brasil defende retomada da discussão do sistema cambial

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e o ministro do Comércio da China, Chen Deming participaram nesta segunda-feira (16) de uma reunião da Subcomissão Comercial Brasil-China, no Palácio do Itamaraty.

O governo do Brasil quer retomar o debate sobre a adoção de um outro padrão cambial, que não seja baseado no dólar, nas negociações multilaterais.

“O ministro [chinês] vê com simpatia estabelecermos o início desta discussão, de estabelecer um modelo diferente do padrão internacional. O câmbio é um problema grave para os países emergentes”, afirmou Pimentel.

Uma das propostas sugeridas por Pimentel é a adoção de uma cesta de moedas. É um recurso utilizado como índice de variação de ativos financeiros para evitar variações bruscas de uma única moeda.

É baseado em moedas de diferentes países, em geral os mais ricos, para serem colocados nesta cesta. Há uma média de referência, que corresponde aos direitos de saque no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo Pimentel, o assunto deve ser debatido “nos fóruns multilaterais”. Mas ele reconheceu que uma discussão que deve demorar a ser concluída. “É uma discussão de longo prazo”.

O ministro chinês corroborou a opinião de Pimentel, afirmando que as mudanças no padrão cambial devem partir de “uma análise de longo prazo”.

"Seria uma análise de longo prazo. Não foi um assunto que nos preparamos para discutir. Essa discussão vou deixar a cargo da Fazenda e Banco Central de ambos os países", disse o ministro chinês.

Nesta segunda-feira, Pimentel e o chanceler Antônio Patriota se reuniram com o ministro do Comércio chinês para discutir os investimentos no Brasil que foram fechados na viagem da presidente Dilma Rousseff ao país asiático, no mês passado.

Deming afirmou que os dois países já adotam, no comércio bilateral, cálculos com moedas locais, e que atualmente já existem "várias formas de trabalhar".

O ministro chinês falou do interesse chinês em investir US$ 1 bilhão no Brasil, e que não pretende mexer no superavit brasileiro no comércio bilateral.

De janeiro a abril, Brasil e China acumulam corrente de comércio de US$ 29 bilhões, sendo o país asiático o maior parceiro comercial brasileiro, informou Pimentel. Nesse período, foram US$ 1,6 bilhão de superavit para o Brasil.

Deming reforçou que o Brasil é um dos atuais alvos do empresariado chinês, já que Estados Unidos e União Europeia enfrentam dificuldades em superar a crise financeira, e o Japão amarga as consequências de um desastre natural.

Segundo o ministro, a relação entre os dois países pode ser fundamental para a estabilidade do comércio internacional. O investimento chinês fora da China já atinge US$ 59 bilhões, e a promessa do ministro é de que cresça cada vez mais rápido.

A área primordial para os chineses no Brasil será de infraestrutura, sobretudo energia. Deming falou do interesse chinês em linhas de transmissão, um dos gargalos no setor no Brasil. O ministro citou ainda investimentos em ferrovias, portos e comunicações.

De acordo com o ministro, existe o interesse da empresa Sany Heavy Industry, de máquinas para construção civil, em investir US$ 200 milhões no Brasil, e da empresa Geely de montar fábrica em solo brasileiro, com nova tecnologia de carros.

Há ainda o interesse em investimentos na área biológica, de medicamentos e agricultura, ressaltou o ministro do Comércio.

Com agências