Capistrano: Cuba que a Globo não mostra
Na viagem que fiz a Cuba, agora no início de maio, procurei ver como estava o país que a Globo e as outras emissoras de televisão, aqui do Brasil, não mostram. Geralmente, quando aparecem imagens de Cuba na televisão brasileira só aparecem prédios velhos, carros das décadas de 40, 50 e 60 do século passado e pessoas com o semblante de tristeza, com isso passando uma ideia de miséria e de sofrimento.
Publicado 17/05/2011 15:18 | Editado 04/03/2020 17:07
Mas isso não impediu que o país avançasse nas conquistas sociais. Cuba detém índices, na saúde, na educação, na cultura e no desporto, de fazer inveja aos países do primeiro mundo. A situação não está melhor por que o dono do mundo, os Estados Unidos, com a sua política de tentativa de desestabilização política e econômica do regime socialista, não deixa. Mesmo assim, Cuba vai bem.
A mídia descomprometida com a verdade não mostra os avanços alcançados pelo regime socialista, nem faz um comparativo da situação do povo cubano com os povos dos países do terceiro mundo, as ex-coloniais europeias.
Em Havana, a parte histórica da cidade, hoje, passa por um processo de restauração, mostrando o zelo do governo com um dos mais belos conjuntos da arquitetura colonial da América Latina. A nossa mídia não mostra isso, nem os bairros, fora do centro histórico, onde mora a maior parte da população, como também os carros novos e ônibus modernos que ocupam as avenidas da capital cubana e as auto-estradas que cortam o país de ponta-a-ponta.
Cada vez que vou a Cuba fico empolgado com a situação da educação e da saúde pública, sem falar nas manifestações artístico-culturais e desportivas, um exemplo para a América Latina e para o mundo. Imagino se Cuba fosse um país com grandes recursos naturais. Bastava ter as riquezas que o nosso estado (RN) possui e não sofrer tantas devastações naturais como os furacões que vez por outra atingem aquela pequena Ilha, sem contar com o pior de todos os problemas, a presença ameaçadora do vizinho encrenqueiro, o império do mal – os Estados Unidos da América do Norte.
Uma recomendação aos visitantes que desejam ter uma visão ampla da situação do regime socialista que governa Cuba, saia do circuito turístico, que é belo, tem muito que ver, é prazeroso, mas que traz muito dos problemas que existem em todas as cidades turísticas do mundo, mesmo o governo tendo o maior cuidado com o lado negativo dessa atividade econômica. O turismo é uma atividade importante em qualquer parte, é a famosa indústria sem chaminé, mas é perigosa e desestabilizadora, ela corrompe, criando mazelas sociais (prostituição, propina e drogas) que depois de se instalarem são muito difíceis de combater. O turismo traz consigo uma cultura do consumo, da opulência e do dinheiro fácil. Portanto, todo cuidado é pouco. Sentimos esse cuidado por parte das autoridades cubanas. O próprio Fidel, nos seus artigos publicados no Jornal Granma, tem demonstrado toda preocupação com relação a isso.
Na primeira viagem que fiz a Cuba (1988) visitei, além de Havana, Matanzas, onde está localizada o famoso balneário de Varadero, hoje com vôos diretos de diversas partes do mundo para esse paraíso tropical. Fui, também, a Santa Clara, cidade histórica, berço do Programa Saúde da Família e, hoje, onde estão sepultados os restos mortais de Che Guevara, uma atração turística, carregada de emoção e história. A província de Cienfuegos, onde está localizado Sancti Spiritus, como também Trinidad, possui uma arquitetura colonial maravilhosa, merece ser visitada. É um mundo diferente da capital cubana, mesmo sem perder o espírito hospitaleiro do seu povo. Lá você encontra um modo de vida diferente. Um dia pretendo visitar Santiago de Cuba, dizem que é a mais africana e musical cidade cubana. O seu carnaval é famoso e os seus poetas também. Santiago é considerada o Berço da Revolução. Um dia eu vou lá.
Portanto, essa Cuba, cuidadosa com a sua história, moderna, hospitaleira, bela, movimentada, solidaria com os povos de todo o mundo, de um povo alegre, espirituoso, alfabetizado e politizado, a mídia não mostra. Mas essa Cuba existe e é a grande força do sistema revolucionário que governa o país há mais de 50 anos.