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Luis Nassif: como o noticiário do Estadão perdeu confiabilidade

Até algum tempo atrás, o noticiário do Estadão era visto como o mais objetivo e confiável da velha mídia. Essa postura mudou radicalmente nos últimos anos. A cobertura politizada do caso Vale é demonstração do viés que acabou determinando a queda de qualidade do noticiário do jornal.

Por Luis Nassif, em seu blog

O jornal sustentou ter ouvido "um ex-funcionário, três ministros, quatro parlamentares e dois advogados do sistema financeiro" para garantir que uma das moedas de troca, para a demissão de Roger Agnelli, tinha sido a garantia de continuidade do Bradesco no Banco Postal dos Correios. A matéria foi assinada por 11 (!) jornalistas – incluindo o diretor da sucursal de Brasília, Rui Nogueira.

Ontem, o Bradesco perdeu o leilão do Banco Postal para o Banco do Brasil.

"Na semana passada, a reportagem do Estado ouviu dois diretores da Vale e um ex-funcionário, três ministros, quatro parlamentares e dois advogados do sistema financeiro. Em comum, todos mantêm relacionamento direto com a mineradora e todos são ou foram (nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) intermediários de conversações e negociações da empresa com o governo. (…)

Banco Postal. Atualmente, a exclusividade de uso do Banco Postal, da estatal Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), está nas mãos do Bradesco. Em 2001, o banco pagou R$ 200 milhões pelo serviço – desembolsa mais cerca de R$ 360 milhões ao ano por participação dos Correios na quantidade de transações realizadas nas agências do Banco Postal. O faturamento mínimo estimado para o Bradesco nesse segmento é de R$ 1 bilhão.

O negócio financeiro da ECT vai ser licitado novamente neste ano e, agora mais do que nunca, o Bradesco evita confrontos com o Planalto, articulando, ao mesmo tempo, uma solução negociada para a escolha do substituto de Agnelli na Vale".

("O que selou o destino de Agnelli para que ele perdesse o comando da Vale" – Estadao.com.br, 03 de abril de 2011)