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Bactéria amedronta Alemanha após causar a morte de 25 pessoas

Uma epidemia causada por uma bactéria tem amedrontado a Alemanha nos últimos 15 dias. A bactéria Escherichia Coli já matou 24 pessoas no país e as autoridades alemãs chegaram a apontar a Espanha como a nação de onde teria se originado a bactéria, transportada em legumes e verduras para consumo na Alemanha.

No total já são 25 mortes causadas pela infecção, 24 na Alemanha, a última na região da Baixa Saxônia nesta quarta-feira. Pesquisadores alemães continuam tentando identificar a origem da contaminação. A bactéria é um tipo raro da Escherichia Coli, é enterohemorrágica, causando diarreias com sangue, pode provocar doenças renais e as vezes é fatal, a chamada síndrome SHU).

Um tipo muito raro da bactéria E.coli, o O104:H4, incorporou genes de outras bactérias e é mais tóxica e nociva do que sua versão "comum"

A bactéria E. coli é uma das mais frequentes nas infecções alimentares, junto com a salmonela. Há dezenas de tipos diferentes, mas em geral é uma bactéria fecal que vive no aparelho digestivo dos animais e dali pode acabar na água, nas plantas ou na terra. Já houve surtos no Japão e nos EUA, mas desta vez é especialmente agressiva.

Nove perguntas e respostas sobre a bactéria que assola a Alemanha:

O que causa a infecção?

Está claro desde o início. É a bactéria Escherichia coli. Depois se soube que é de um tipo muito raro, o O104:H4, que além disso havia incorporado genes de outras variedades – não disseram quais – que aumentam sua produção de toxinas (concretamente a chamada shiga, que é como a fabricada pelas bactérias do tipo Shigella, também muito nocivas).

Qual é o foco?
No início se pensou que a bactéria estivesse em pepinos espanhóis. Descartada essa hipótese, procura-se qual alimento pode ser a fonte. Também se levanta a possibilidade de que esteja na água.

Quais são os sintomas?
A infecção começa com dores abdominais seguidas de uma forte diarreia, que pode ser sanguinolenta. Nesse estado já é preciso ir ao hospital. Depois a bactéria ataca os rins, produzindo uma espécie de insuficiência renal que se caracteriza pela chamada síndrome hemolítico-urêmica (HUS na sigla em inglês, que significa a presença de sangue na urina).

Qual é o tratamento?
O melhor nas infecções por E. coli é deixar que passem sozinhas. À diferença de outras bactérias, esta responde mal aos antibióticos. Ou, pior ainda, reage produzindo mais toxinas. Por isso se usam tratamentos paliativos (hidratação, antitérmicos). Mesmo assim, acredita-se que um tipo de antibiótico (os carbapenemos) pode funcionar.

Por que este surto é tão excepcional?
A E. coli é uma velha conhecida dos serviços epidemiológicos. É, por exemplo, a responsável pela maioria dos casos de diarreia do viajante, ou do famoso mal de Montezuma. À diferença daquelas é que a cepa que se espalhou na Alemanha (uma variante da O104) é especialmente agressiva.

Como se desenvolveu a bactéria?
As bactérias têm muita facilidade para trocar de genes, emprestá-los ou tomar emprestados. É seu mecanismo de defesa contra os antibióticos e seu sistema de concorrência. Como a E. coli habita o aparelho intestinal dos animais (incluindo os seres humanos), o mais lógico é pensar que esta nova cepa tenha sido gestada nesse entorno, onde coincidiram bactérias de dois tipos: a O104 e outra, que foi a que passou os genes que a tornaram mais agressiva.

Como se contamina?
A origem está em um alimento. A bactéria vive no intestino dos animais, de onde passa para a terra, a água ou as plantas por meio das excreções. Daí passa ao ser humano ao ingeri-la. Nos casos de transmissão entre pessoas, a via é a fecal-oral: uma pessoa que não se lava bem depois de fazer as necessidades, e das mãos a bactéria passa para um alimento ou objeto que outra pessoa leva à boca.

Como se previne?
É preciso evitar os alimentos crus, porque a bactéria adere à superfície de folhas ou verduras. Se for fazer uma salada, é preciso lavar os ingredientes com água com algumas gotas de água sanitária. Também é preciso clorar ou ferver a água potável. E a carne deve ser bem cozida. Os alimentos congelados podem estar infectados, mas a partir dos 70 graus abaixo de zero a bactéria é destruída.

É perigoso conviver com um infectado?
Em princípio, não. Embora haja bactérias que são transmitidas pelo ar, costumam ser as que colonizam o sistema respiratório (como a da tuberculose) e que portanto podem se propagar nas minúsculas gotas de saliva que todos expulsamos ao espirrar ou mesmo ao respirar. A E. coli está no sistema digestivo, e por isso é necessário um sistema de contágio baseado no contato. Portanto, a melhor medida preventiva é lavar as mãos depois de ir ao banheiro.

Com informações da Agência Adital