Sem categoria

Abertura do Congresso da UBM pauta participação política feminina

Com animação e representatividade, a abertura do Congresso da União Brasileira de Mulheres (UBM) lotou o salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo nesta sexta-feira (10). Além do ato de abertura, que contou com a presença do presidente do PCdoB, Renato Rabelo, a noite foi preenchida também por uma homenagem à artista plástica Edíria Carneiro.

- Luana Bonone

A coordenadora geral da UBM, Elza Campos, abriu o Congresso valorizando a combatividade das militantes. Ao saudar os componentes da mesa, demonstrou a força da organização: “reunimos mais de 10 mil mobilizadas nos congressos estaduais e plenárias municipais”, informou.

Elza fez referência às feministas Clara Zektin, Alexandra Kollontai e também Loreta Valladares.

Elza Campos, coordenadora geral da UBM.

Em seguida, cumprimentou a homenageada da noite, Edíria Carneiro e disse que o Brasil tem uma nova perspectiva, com Dilma Rousseff e Gleise Hoffman, de “romper com sub-representação política das mulheres em pleno século XXI”.

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, iniciou sua fala destacando que Alice Portugal, deputada federal pelo PCdoB da Bahia e componente da mesa, é pré-candidata a prefeita de Salvador.

Renato afirmou que entre “as tarefas fundamentais e bandeiras principais do PCdoB” está a emancipação da mulher, conforme descrito no programa do partido, visto que essa é uma “condição essencial para progresso político, econômico e social do nosso país”.

Para o presidente do PCdoB, há três questões importantes para

Renato Rabelo, presidente do PCdoB.

emancipação das mulheres: participação política das mulheres – “efetivamente no poder político”, enfatizou Renato; condições de igualdade, “ombro a ombro com os homens”, para atuação delas “em todas as esferas da atividade humana”; e fim da dupla jornada. Ele completou que o PCdoB se orgulha de ter a marca de ser o partido da juventude e das mulheres – mantendo sua natureza de partido essencialmente dos trabalhadores.

Uma companheira como a Liège

A presidente da Federação Internacional de Mulheres (Fdim), Márcia Campos, fez elogios rasgados à representante da UBM na Fdim, Liège Rocha: “vocês não fazem ideia do que é ter na Fdim uma companheira como a Liège (…). Quando a gente dedica um quadro para ela atuar em uma entidade é para ela fazer uma revolução dentro da entidade, e vocês fiquem certas que isso a Liège faz como nenhuma outra companheira dentro da nossa Fdim”, afirmou.

Alice Portugal empolgou os presentes.

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) valorizou a postura do presidente do PCdoB sobre a participação da mulher na política: “quero agradecer ao PCdoB por poder viver uma experiência feliz de partido onde as mulheres têm voz e vez”. Para Alice, a campanha presidencial mostrou, “com o devido escárnio, que quando não há argumentos contra uma mulher na política, usa-se o fato dela ser mulher”.

Embora tenha ressaltado que o Brasil passa vergonha no quadro internacional pela pequena participação das mulheres nos espaços de poder, a deputada listou os espaços de poder que as mulheres vêm ocupando no país e afirmou que “esses espaços que ocupamos hoje foram conquistados com muito sacrifício” e defendeu lista partidária com alternância de gênero.

O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, ressaltou a importância da luta pela emancipação da mulher, visto que a luta feminista não se esgota com a eleição de uma mulher para a presidência da república, embora este fato deva ser valorizado. No início da sua fala, a primeira mulher a assumir uma diretoria da UNE – em 1963 –, Nazaré Pedrosa, puxou uma palavra de ordem em defesa da entidade.

Falaram no ato de abertura, ainda, a secretária da mulher do Distrito Federal, Olgamir Amância Ferreira, que afirmou que está em um espaço que institucionaliza a luta das mulheres de organizações como a UBM; a representante da Confederação de Mulheres Brasileiras (CMB) e integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Glauce Moreli; a secretária da mulher da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Raimunda Gomes (Doquinha), a diretora da União Brasileira de Mulheres (Ubes), Renata Leão, e a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP).

Leci Brandão fechou o ato com chave de ouro, dizendo ter orgulho por ser a segunda mulher negra a assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo. Depois falou sobre a reforma política: “o que mais gostei dessa história de reforma política foi a paridade. Porque vai ter que ter homem e vai ter que ter mulher. Igualzinho!”, vibrou. Ela fez homenagem à ex-deputada comunista Ana Martins e à cantora Tia Cida de São Mateus, presentes no ato.

Mulher de verdade

Leci Brandão fechou o ato com chave de ouro.

A deputada falou sobre empoderamento da mulher negra e criticou o padrão de estética que não contempla a beleza das “mulheres de verdade, trabalhadoras. Não entrem nesse modelo da moça da novela ou do programa de variedades”. Por fim, Leci fez uma convocação: “por favor, sejam candidatas nas próximas eleições. A gente precisa aumentar o número de mulheres nas câmaras de vereadores”.

Participaram da mesa, ainda, a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Elisangela Lizardo, o vereador Jamil Murad (PCdoB-São Paulo), os representantes da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Julião e Rosina, além de Júlia Roland, do Ministério da Saúde, e a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), primeira presidente da UBM, em 1988.

Após as falas, a artista plástica Edíria Carneiro foi homenageada com a leitura de um poema

Edíria Carneiro

de Adalberto Monteiro dedicado a ela e a entrega de uma placa e um buquê de rosas. Liège Rocha falou um pouco da história de Edíria, baiana formada pela Escola de Belas Artes da UFBa que ilustrava cartazes e panfletos e passou a expor em museus e galerias de todo o mundo. Edíria rodou também o Brasil com sua obra. Em sua última exposição, expôs a angústia das mulheres que sofreram com enchentes pelo Brasil. Para o convite do congresso da UBM cedeu os direitos da sua tela “mulheres sonhadoras”, que retrata as mulheres que sonham um dia possuir uma casa do Programa Minha Casa, Minha Vida. Edíria foi também esposa do revolucionário João Amazonas.

De São Paulo, Luana Bonone