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Marina planeja deixar o PV para fundar Partido da Causa Ecológica

A ex-ministra Marina Silva tem discutido abertamente com interlocutores a possibilidade de sair do PV (Partido Verde) em breve. É o que informa a coluna de Mônica Bergamo, publicada na edição deste sábado (11) na Folha de S.Paulo.

A ex-presidenciável estuda deixar a legenda para ter liberdade de apoiar candidatos de agremiações diversas em 2012 e, mais para frente, montar um novo partido, batizado temporariamente de Partido da Causa Ecológica. O ex-deputado Fábio Feldman, ligado a Marina e candidato ao governo paulista em 2010 pelo PV, será um dos primeiros a deixar a legenda, antes mesmo da ex-ministra.

Em março, um expressivo grupo de parlamentares e líderes do PV, entre eles Marina Silva, decidiu pôr na rua um movimento destinado a mobilizar as bases verdes para cobrar a democratização do partido. Eles cobravam a realização de uma convenção nacional, no prazo de seis meses, e a convocação de eleições diretas para a escolha de novos diretores.

A médio prazo, se a ação não funcionasse, o grupo não descartava a hipótese de o movimento, denominado Transição Democrática, desaguar no surgimento de um novo partido. Sete deputados federais – o equivalente à metade da bancada verde – estão entre os descontentes.

Na Transição Democrática, Marina, terceira colocada na eleição presidencial do ano passado, com quase 20 milhões de votos, tem como missão, sobretudo, a organização de debates políticos com militantes verdes e simpatizantes por todo o país. Quando Marina se desligou do PT e desembarcou com seu grupo no PV, em 2009, ficou combinado que seriam realizadas no primeiro semestre deste ano a convenção nacional e a eleição interna, precedidas de debates sobre democracia.

Em março, porém, a direção nacional se reuniu na sede do partido, na região do Lago Sul, em Brasília, e votou pelo adiamento da convenção até 2012. Com isso, o atual presidente, deputado José Luiz Penna (SP), ganhou mais um ano de mandato – o 13º. Como ninguém acredita que se promovam convenções e eleições partidárias no ano que vem, por causa das eleições municipais, é provável que Penna atravesse o 14º aniversário no poder.

O adiamento irritou Marina Silva. Segundo ela, os 19,6 milhões de votos dados em 2010 à sua candidatura devem ser vistos como um legado político, tanto no plano nacional quanto no plano interno, provocando a democratização na estrutura do PV. No mesmo diapasão, a deputada Aspasia Camargo (RJ) diz que seu partido vive um momento crítico, no qual deve fazer a transição democrática e incorporar "o legado da campanha".

O adiamento também deu origem a uma crise que expõe as fissuras internas do PV e a resistência de alguns setores à presença de Marina no partido. Para esses grupos, mais próximos do presidente Penna, considerado um dirigente pragmático, a candidatura de Marina não trouxe tantos benefícios ao PV como se imaginava. Citam o fato de a bancada federal continuar com as mesmas 14 cadeiras que tinha antes.

"Quem diz isso não vê como a base do partido foi ampliada na eleição passada", observou Brusadin. "O que há por trás desses comentários é o medo de que a renovação dos quadros leve o PV a um papel de protagonista, em vez de se resignar ao papel de coadjuvante, servindo aos partidos maiores."

Na própria Transição Democrática existem diferenças. Enquanto o deputado Alfredo Sirkis (RJ), do núcleo de assessores mais próximos de Marina, eleva o tom e fala abertamente na possibilidade de novo partido, o amigo e ex-deputado Fernando Gabeira baixa o volume. Ele acredita que o debate produzirá um acordo interno.

Da Redação, com agências