SPM defende que autonomia das mulheres é eixo central
Na manhã deste sábado (11) o debate sobre a participação das mulheres na política e no mercado de trabalho foi pauta no 8º Congresso da União Brasileira de Mulheres (UBM), que ocorre até domingo (12) em Praia Grande (SP). A conferência “Participação política da Mulher e o novo Projeto Nacional de Desenvolvimento” contou com a participação da secretária da questão da mulher do PCdoB, Liège Rocha, e a representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) Beatriz Helena Matté Gregory.
Publicado 11/06/2011 15:42

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Beatriz apresentou dados sobre a feminização da pobreza. Ela informou que nas cidades brasileiras 56% dos pobres são mulheres. A representante da APM fez questão de apresentar também o recorte étnico, relatando que 70.8% dos pobres no país são negros e negras. “Como a ministra tem dito, a pobreza neste país tem sexo e tem cor”, afirmou.
Ela defendeu que as políticas sociais para as mulheres são uma responsabilidade do Estado e explicou que essas políticas devem ser marcadas pela intersetorialidade, “pois a questão da mulher está ligada a questões de trabalho, de educação, de saúde, etc. e precisam ser assumidas pelos governos”.
Autonomia
Beatriz explicou que a SPM tem levantado como eixo central a luta pela autonomia das mulheres, como condição inclusive para aumentar a participação política delas. “Elegemos uma mulher e temos agora 11 ministérios puxados pelas mulheres. Isso é extremamente significativo e simbólico para nós. Mostra que a mulher pode, como disse a presidente Dilma”, disse.
Segundo uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo, explicou Beatriz, 78% das mulheres brasileiras hoje dizem que se sentem capazes de governar o nosso país em qualquer instância e 80% dizem que compreendem a importância da participação política. Para a representante da FPA, isso precisa se refletir na representação no Executivo e no Legislativo.
“A compreensão de que aos homens é reservado o espaço público e às mulheres o privado é naturalizada e faz parte do processo educacional da nossa sociedade patriarcal”, disse Beatriz, problematizando a questão da mulher continuar sendo a única “cuidadora” mesmo quando assume o papel de “provedora”, antes reservado aos homens.
Reforma Política
No final da sua intervenção, Beatriz defendeu financiamento público e lista fechada com alternância de gênero na Reforma Política e arrematou: “precisamos das mulheres na ciência, na cultura, nas artes, na comunicação, produzindo na cidade, nos campos, nas florestas , nos rios. Para isso, precisamos mudar as condições objetivas da participação das mulheres.
Precisamos de protagonismo, mulheres à frente dessas lutas. Como a ministra falou na ocasião do 8 de março, quando as mulheres transformam a sua situação, a sua vida, elas também transformam a vida do nosso país. Para ter um país justo, seguramente temos que trazer o conjunto das mulheres para participar dessas lutas na construção do nosso país”.
Projeto nacional de desenvolvimento
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Liège Rocha, secretária da questão da mulher do PCdoB. |
Liège Rocha concentrou sua intervenção na participação das mulheres na construção do projeto nacional de desenvolvimento: “a implementação de um projeto nacional de desenvolvimento exige nação forte, para isso é preciso uma ampla participação popular e a UBM tem um papel importante a jogar, fortalecendo a organização e a mobilização das mulheres”, afirmou.
A dirigente do PCdoB listou algumas tarefas e desafios fundamentais no sentido de construir o projeto de desenvolvimento almejado pelas militantes da UBM, dentre os quais a efetiva democratização do país, com garantia de acesso a cidadania, aos direitos sociais a toda a população. Liège defendeu a laicidade do Estado e a garantia da universalidade dos direitos sociais. “Não podemos conviver com racismo, homofobia e intolerância religiosa”, completou.
Para Liège, apesar dos avanços, as mulheres continuam discriminadas no trabalho e permanecem sub-representadas nos espaços de poder. Ela disse, ainda, que “não é possível pensar desenvolvimento sem soberania e defesa da nação” e defendeu a integração solidária do Brasil com os outros países da América Latina.
Por fim, ela falou sobre a Reforma Política: “conquistamos 5% da verba partidária para capacitação das mulheres e 10% do tempo de TV. Ainda não conquistamos a punição para o não cumprimento da cota de 30%. Precisamos cobrar dos partidos que ao menos cumpram isso”, disse para em seguida provocar: “precisamos estar atentas a estas conquistas, pois queremos chegar ao poder”. Ela defendeu também a lista partidária fechada com alternância de gênero.
De Praia Grande (SP),
Luana Bonone