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Berlusconi reconhece derrota em referendo; Itália quer mudar

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, reconheceu nesta segunda-feira (13) a derrota do governo em um referendo que decidiu sobre o uso da energia nuclear no país. Este não foi o único tema abordo pelos italianos, que infringiram outras derrotas ao líder direitista e indicaram maior interesse em participar da política e vontade de mudar.

Os italianos foram às urnas no domingo participar de quatro referendos distintos. Os resultados preliminares indicam que eles rejeitaram todas as propostas defendidas pelo governo, entre elas as de investir no uso da energia nuclear, privatizar o sistema de distribuição de água e atribuir imunidade aos ministros, e em especial a Berlusconi, que teriam o direito de não comparecer a tribunais se tiverem tarefas oficiais.

O comparecimento dos eleitores foi bem superior aos 50% necessários para a validação do plebiscito. Berlusconi havia pedido para que seus eleitores boicotassem a consulta popular, invalidando-a. O derrotado reconheceu que "o alto comparecimento nos referendos mostra uma vontade de parte dos cidadãos em participar das decisões sobre nosso futuro que não pode ser ignorada". Mais do que isto, o povo italiano quer mudanças e já sinalizou isto nas eleições locais realizadas em maio, em que o primeiro-ministro sofreu forte revés.

Fukushima

O desastre na usina japonesa de Fukushima, ocorrido este ano após o terremoto e tsunami que atingiram o país, reativou o debate sobre o uso da energia nuclear e acarretou séria repulsa popular a este recurso no Japão e em várias outras partes do mundo, com destaque para a Europa, onde são elevados os riscos das usinas nucleares. O governo alemão prometeu abdicar da produção e do uso da energia nuclear, agora rejeitada na Itália.

Assim como o Japão, a Itália é um país propenso a terremotos, mas o governo pretendia usar as usinas nucleares para o fornecimento de 20% da energia do país até 2020. Após o desastre japonês, Alemanha e Suíça disseram que vão diminuir o uso de energia nuclear. França e Grã-Bretanha, que pertencem ao restrito grupo das potências (com bombas) nucleares, seguem defendendo o seu uso.

A proposta do referendo sobre comparecimento aos tribunais era considerada de importância pessoal para Berlusconi, que enfrenta quatro julgamentos distintos. Ele declarou recentemente que compareceria aos tribunais quando não estivesse envolvido em assuntos importantes. Nesta segunda-feira (13), ele faltou a outra audiência, encontrando-se com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.

"A vontade dos italianos é clara em todos os assuntos destas consultas. O governo e o Parlamento devem agora responder de acordo", disse Berlusconi em comunicado sobre os referendos. A vontade do povo é, notoriamente, a queda do governo direitista.

Com agências