Minas: Servidores fazem ato histórico na Cidade Administrativa

Em ato unificado na Cidade Administrativa, cerca de 2 mil servidores, convocados pelo Sind-Saúde/MG, protestaram contra o descaso do governo do Estado com o funcionalismo público na manhã desta quarta-feira (15). Os trabalhadores e trabalhadoras, após ter o carro de som apreendido e serem impedidos de levar a manifestação para a porta do Palácio Tiradentes, gabinete do governador Antonio Anastasia, ocuparam as duas pistas da MG-010 por aproximadamente duas horas.

Servidores na cidade administrativa - Rogério Hilário

Apesar da pressão do Batalhão de Choque da PM, a rodovia só foi desocupada, mesmo assim apenas no sentido Aeroporto de Confins, com a liberação do carro de som.

Os servidores da saúde contaram com o apoio dos profissionais da Educação, dos trabalhadores da Receita Estadual, dos policiais civis e dos deputados Adelmo Carneiro Leão (PT) e Rogério Correia (PT), do bloco de Oposição Minas Sem Censura.

Os servidores da área da Saúde, cuja reunião com o governo para negociar pauta de reivindicações apresentada pelo Sind-Saúde/MG foi adiada desta quarta-feira para o próximo dia 20, aprovaram manter o estado de greve e voltam a reunir em assembleia, no dia 22, e podem deflagrar greve por tempo indeterminado e se juntar aos trabalhadores em Educação e aos policiais civis, que já paralisaram as atividades. A principal reivindicação dos trabalhadores da Saúde é o reajuste de 20,7%.
Com balões vermelhos e embalados por uma banda de música, os servidores se concentraram no Edifício Minas, da Cidade Administrativa. Alegando problemas com a documentação do motorista, a Polícia Militar não permitiu que o carro de som do Sind-UTE/MG. A tentativa de desmobilização não surtiu efeito, pois os trabalhadores fizeram o ato com um som improvisado.

“A Saúde não tem alternativa se não entrar em greve como os companheiros da Polícia Civil e da Educação. Queremos nos solidarizar, também, com os funcionários da Cidade Administrativa, que numa Audiência Pública na semana passada, denunciaram as péssimas condições de trabalho. Os banheiros estão entupidos, o local para alimentação é chamado de ‘morte lenta’, tal a precariedade da comida, e ainda enfrentam problemas com o transporte. Eles exigem a extensão da jornada de 6 horas diárias para todos. Essa é também nossa bandeira: 30 horas, já”, disse Reginaldo Tomaz de Jesus, coordenador do Sind-Saúde/MG e da Executiva Estadual da CUT/MG.

“Nós da Educação trazemos a nossa solidariedade aos trabalhadores da Saúde. A valorização dos servidores só acontece com uma greve. Estamos em greve desde o dia 8 para forçar o governo do Estado a cumprir a lei. O movimento tem uma adesão de 50% e vai crescer ainda mais. Não é admissível que o governador Anastasia escolha a lei que deve respeitar. Ele paga a um soldado da PM, com nível médio de escolaridade, R$ 2 mil de piso e, para um professor, R$ 360 de remuneração básica. Queremos a aplicação do Piso Nacional Profissional Salarial”, falou Beatriz Cerqueira, coordenadora do Sind-UTE/MG.

Lindolfo de Castro, do Sindicato dos Fiscais do Estado de Minas Gerais (Sindifisco), categoria que também deve paralisar as atividades, lembrou que o governo gastou R$ 1,5 bilhão para construir a Cidade Administrativa, mas não investe em saúde, segurança e educação. “Nestes nove anos de administração do PSDB, antes com Aécio Neves e depois com Anastasia, a arrecadação do Estado aumentou 70%. O contribuinte para ao governo do Estado 30% do valor da conta de luz, enquanto um empreiteiro paga de joia de construção 6%. É uma política de Robin Hood às avessas: tira dos pobres e dá aos ricos.”

Tensão

Impedidos de protestar na porta do Palácio Tiradentes pela Polícia Militar, os servidores decidiram ocupar as duas pistas das MG-010. A ocupação pacífica ocorreu sem incidentes por cerca de 40 minutos, quando o comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel Alex começou a pressionar as lideranças do movimento e dos parlamentares para que convencessem os servidores a liberar a rodovia. Os trabalhadores e os sindicalistas resistiram e mostraram disposição em não recuar. Após negociação tensa, os militares, já preparados para o confronto, admitiram trocar a liberação do carro de som, apreendido antes que pudesse entrar na Cidade Administrativa, pela desobstrução de uma das pistas da MG-010.

O coordenador do Sind-Saúde/MG, Renato Barros, apresentou duas propostas de encaminhamento do movimento para os servidores da área: aprovar greve por tempo indeterminado ou manter o estado de greve, para aguardar reunião marcada para o dia 20 com o governo, e fazer nova assembleia geral no dia 22, na Cidade Administrativa. A segunda proposta foi aprovada.

De Belo Horizonte,
Rogério Hilário