DDT: à ministra, Perpétua pede tratamento 

 A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, foi acionada para assumir o compromisso de tratar os guardas da extinta Sucam, intoxicados pelo inseticida DDT e Malathion.

DDT

 Numa audiência confirmada pela ministra, em Brasília, a pedido da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), na próxima terça-feira, a deputada tentará sensibilizar o governo a assumir esta responsabilidade. Entidades sindicais na Amazônia e noutras regiões esperam que o governo repare a saúde desses pacientes, assim como reconheceu a letalidade do veneno ao proibir o seu uso no Brasil.

Perpétua pede o envolvimento direto dos demais deputados e dos três senadores acreanos, para que compareçam ao encontro, na intenção de sensibilizar o Palácio do Planalto a também indenizar os ex-mata-mosquitos vivos e os dependentes daqueles que já faleceram.

Os contaminados do Acre, onde uma centena de trabalhadores já morreu por complicações causadas pelo veneno, serão representados por Aldo Moura, um dos pacientes e presidente da Associação “A luta pela vida”. A deputada, autora de um projeto que pede o pagamento de pensão vitalícia especial aos intoxicados, fará explanação dos exames realizados nos laboratórios Carlos Chagas, em Belém, e Adolfo Lutz, em São Paulo, cujos resultados apontam alto teor do veneno no organismo das vítimas no Acre, o único estado que ainda oferece alguma assistência médicas a estas pessoas.

Os exames, aliás, só foram possíveis após uma intervenção política feita pela parlamentar acreana junto ao Ministério Público Federal (MPF) e a contrapartida dada pela Secretaria Estadual de Saúde. “Como há comprovações científicas de casos concretos, queremos o compromisso da parte do governo, que tem responsabilidade sobre estas pessoas", disse a deputada.

À ministra, a deputada entregará uma cópia do relatório da Comissão de Direitos Humanos da Aleac, segundo o qual mais de cem contaminados já morreram no Acre e outras dezenas convalescem com seqüelas irreversíveis, desamparados há mais de 20 anos. A deputada pede, ainda, apoio integral da imprensa em defesa destas famílias, alertando que há uma comoção generalizada no Acre e no Brasil, com pedidos de socorro chegam por cartas e emails de várias partes do país.

Histórico
Após o fim da guerra, com a alta letalidade do produto sobre os insetos, o DDT passou a ser utilizado no controle de pragas agrícolas e de interesse em saúde pública, como a malária. Países no mundo inteiro compraram o DDT que era fabricado nos EUA.

Porém, com pouco mais de 10 anos de uso, os americanos descobriram este inseticida era letal ao meio ambiente e ao próprio ser humano.

Assim, a partir do início da década de 60 o uso do DDT foi proibido em território americano, mas outros países do mundo, como o Brasil, continuaram a comprar o inseticida durante muito tempo. O DDT foi utilizado pela Funasa nas ações de controle de malária até 1990, e extra-oficialmente ele ainda foi aplicado até 1995. (Assessoria)