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China alerta para dimensão da crise na Europa e promete ajuda

A China entende que a crise da Grécia não é um problema apenas da União Europeia, pois tem o potencial de transcender o velho continente e afetar toda a economia mundial, incluindo os países asiáticos, hoje os que mais crescem no mundo.

A visita oficial de cinco dias do primeiro-ministro chinês à Europa, Wen Jiabao, é marcada por vários acordos econômicos, a defesa do euro e a promessa de investimentos financeiros nos países atolados na crise da dívida externa.

Em sua primeira parada, em Budapeste, Wen assinou uma série de acordos de cooperação com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban. O premiê chinês anunciou neste sábado (25/06) que a China está pronta para comprar títulos do governo da Hungria e ampliar para um bilhão de euros o crédito ao país. Esta é a primeira visita em 24 anos de um líder chinês à Hungria, país que até o final do mês detém a presidência da União Europeia.

De olho na crise grega

De acordo com Yan Jin, do Centro de Estudos Europeus na Universidade de Renmin, em Pequim, a crise da dívida na Grécia é o que mais preocupa o gigante asiático.

“A China está convencida de que a crise da dívida europeia e grega não é apenas um problema da União Europeia. Ela é importante para a economia mundial. E se a crise não for solucionada, pode afetar a economia de toda a Europa e, com isso, também a economia mundial e da China”, diz Yan.

Mais do que tudo, a China está interessada em um euro estável e em parceiros comerciais europeus confiáveis. A República Popular investiu bilhões de suas enormes reservas cambiais em euros, além de ter comprado títulos dos governos da Grécia e da Espanha. E já anunciou a disponibilidade de investir mais. Mas ao mesmo tempo, especialistas chineses alertam aos europeus para não terem muitas expectativas de que a China vá socorrer a Europa.

Negócios na linha de frente

A visita de Wen Jiabao também tem o objetivo de ajudar a construir fortes laços comerciais. Empresas europeias esperam por grandes encomendas da China, mas muitas se queixam das desvantagens do mercado chinês.

Enquanto isso, os europeus estão cada vez mais desconfiados com o crescente engajamento da China em seu quintal. Recentemente, a controvérsia envolvendo a participação de uma empresa estatal chinesa em parte da construção uma estrada entre Berlim e Varsóvia ocupou as manchetes dos jornais.

Mas o vice-ministro do Exterior chinês, Fu Ying, disse que as preocupações de que a China planeje tomar conta de negócios europeus são infundadas. “Alguns políticos europeus atribuem motivos políticos a decisões econômicas. Isso não é verdade e não representa os fatos. Isso leva as empresas chinesas a perderem o interesse e a terem a impressão de que a Europa não é um campo acolhedor para investimentos.”

O interessa de Pequim na estabilidade do euro se explica pelo grande peso da Europa no comércio exterior da China. Nada menos que 30% das exportações chinesas, que são as maiores do mundo, têm por destino o velho continente, que agora se defronta com uma séria crise da dívida externa.

Com agências