Sem categoria

Para governo líbio, mandado contra Kadafi tem cobertura da Otan

Submetida novamente nesta terça-feira (28) a novos bombardeios aéreos, a Líbia acredita que o mandado judicial contra Muamar Kadafi, emitido pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia, faz parte de uma estratégia do Ocidente para dar continuidade à agressão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ao país.

Autoridades e seguidores do governo desqualificaram a ordem judicial da Corte Penal Internacional (CPI), seguindo o mesmo tom usado na segunda-feira, quando o tribunal pediu para deter Kadafi, seu filho Saif Al-Islam e o chefe de inteligência, Abdulah Al-Senussi.

Em contraste com a celebração da liderança do opositor Conselho Nacional de Transição (CNT), em Bengazi – transformada na capital dos rebeldes – os partidários do líder líbio, em Trípoli, mostraram a repulsa em relação a uma decisão que, segundo afirmaram, está politizada e enviesada.

O chefe da CPI argumentou que Kadafi, de 69 anos, seu filho, de 39 e Al-Senussi, de 62, cometeram atrocidades durante os protestos iniciados no país em 17 de fevereiro como “uma política de ataques sistemáticos e generalizados contra civis”.

Veículos de comunicação destacaram o respaldo recebido por Kadafi nas praças da capital, depois que o ministro da Justiça, Mohammed Al-Qamoodi, acentuou que a decisão da Corte Judicial trata-se de uma “ferramenta do mundo ocidental para julgar líderes do terceiro mundo”.

“O líder da revolução e seu filho não ostentam nenhuma posição oficial no governo líbio e, portanto, não têm ligação com as acusações da CPI contra eles”, acrescentou Al-Qamoodi.

Segundo o titular, “é uma cobertura estratégica para a Otan que ainda está tentando assassinar Kadafi, e que comete crimes contra a humanidade”. Em relação à tentativa da Otan, o vice-chanceler líbio Khaled Kaim acrescentou que a corte “funciona como um veículo da política exterior europeia”.

“É um tribunal político que serve aos financistas europeus. Nossas próprias cortes julgarão os abusos aos direitos humanos e outros delitos cometidos ao longo do conflito na Líbia”, afirmou Kaim ao lembrar que o país não é signatário, nem reconhece esse tribunal.

O chefe da CNT, Mustafa Abdel Jalil, considerou que com o mandado de prisão “foi feita a justiça” e que a própria justiça “desautoriza todas as propostas de negociação ou proteção a Kadafi”. Além disso, Jalil assegurou ainda que o líder líbio será capturado e entregue pelos rebeldes.

Analistas acreditam que a situação é complexa, já que qualquer iniciativa de pacificação ou diálogo político implicaria a renúncia do mandatário.

Fonte: Prensa Latina