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Cabral se retrata: “Errei quando chamei os bombeiros de vândalos”

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), admitiu, nesta quarta-feira (28), que errou ao chamar os bombeiros grevistas de “vândalos” após a ocupação dos militares no Quartel Central da corporação. "Os dois lados erraram. Faltou comunicação nossa com os líderes do movimento. Os bombeiros erraram quando radicalizaram, e eu errei quando chamei os bombeiros de vândalos. Outro erro deles foi levar crianças para manifestações", disse o governador em entrevista à Rádio CBN.

O governador também admitiu ser favorável à anistia para os bombeiros. "Dei muitos investimentos aos bombeiros durante meu governo. Quero dar melhores salários e melhores condições de trabalho a uma categoria tão querida pela população. Acho que a anistia vem ao encontro disso", afirmou.

Os 439 bombeiros militares que foram presos no Rio de Janeiro depois de protestos por melhores salários estiveram na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta manhã, pedindo a aprovação do projeto que lhes concede anistia criminal. A proposta foi aprovada na semana passada no Senado e, depois de analisada, pelos deputados segue para sanção presidencial.

O grupo foi enquadrado no Código Penal Militar pelo crime de motim e também por crimes administrativos. Na terça-feira, a Assembleia Legislativa do Rio concedeu anistia administrativa aos bombeiros — mas o governador Sérgio Cabral ainda precisa sancionar a matéria.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que pode pôr o projeto de anistia criminal em votação na semana que vem. Antes, porém, é preciso retirar a urgência do projeto que cria o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). O grupo se reuniu com deputados distritais na Câmara Legislativa. Em seguida, fez caminhada até o Congresso Nacional.

“Diálogo melhor”

Com 30 anos de profissão, Valdelei Duarte é um dos bombeiros do Rio que protestam em Brasília e elogia o recuo de Cabral. "Acho muito bom que ele tenha se retratado. Isso é importante pra gente ter um diálogo melhor”, afirma.

Segundo ele, “os bombeiros têm atuado em grandes tragédias no Rio, como a do Morro do Bumba, da Região Serrana. Sem contar os afogamentos que impedimos nas praias. Ele não tinha motivo para nos chamar de vândalos, porque nunca demos às costas à população”.

A opinião é compartilhada pelo sargento Gilberto Pena, 22 anos de profissão, que também integra o grupo que viajou a Brasília. "Os bombeiros e os policiais militares sempre estiveram abertos à negociação, mas o governador nunca nos ouviu", reclamou.

Pena participa do protesto algemado ao policial Wanderlei Amaral, que apoia o movimento por melhoria nas condições de trabalho. Os dois pretendem simbolizar a união entre as duas categorias — mas esperam abrir as algemas ao conseguirem avançar na negociação pela aprovação da anistia.

"Após a reunião (com os deputados), as algemas vão se abrir, não só pelo fato de estarmos livres, mas também pela liberdade de expressão que não estávamos tendo", disse Amaral.

Enquanto tentam ser anistiados, os bombeiros do Rio de Janeiro seguem reivindicando um piso salarial de R$ 2 mil (valor líquido para soldados), o fim das gratificações, que deixam de ser pagas quando o profissional vai para a reserva, e remuneração por escalas extras, serviços para os quais são chamados eventualmente em dias de folga.

Da Redação, com agências