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Bombeiros criticam atuação do Bope e prometem mais manifestações  

O presidente da Associação de Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Nilo Guerreiro, condenou a forma como a tropa de choque e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM invadiram neste sábado (4) o quartel central do Corpo de Bombeiros para dispersar a manifestação iniciada na noite de sexta (3). Segundo Guerreiro, a entrada do Bope no quartel foi muito violenta.  

“É um sinal de que a segurança pública não está totalmente qualificada. Temos de estudar muito o assunto no Rio e no resto do país, porque foi uma demonstração de que não estamos realmente preparados para gerenciamento de crise”, disparou. Segundo ele, as associações de todo o país vão participar de uma reunião no Rio, na próxima segunda-feira (6), para tomar uma posição conjunta de repúdio à iniciativa do governo estadual de invadir o quartel com uso da força.

“Tínhamos uma porta de diálogo aberta. Existe uma ala mais radical do Corpo de Bombeiros, que é o pessoal do Grupamento Marítimo, que realmente deveria ter um pouco mais de habilidade, mas que fez um trabalho praticamente isolado. Agora, as associações de classe deverão assumir definitivamente as negociações com o governo”, informou.

De acordo com Guerreiro, a manifestação por melhores condições de trabalho e reajuste salarial é justa. Na reunião da próxima segunda-feira (6), a área jurídica da associação analisará de que forma o governador Sérgio Cabral está enquadrando os bombeiros que participaram do protesto. “Quais os crimes que foram cometidos? A partir da orientação dos advogados, vamos tomar medidas judiciais.”

As prisões realizadas no sábado também devem levar à realização de novas manifestações durante a semana. Desde o início de abril os bombeiros lutam por aumento do piso salarial (de R$ 950 para R$ 2 mil), vale-transporte e melhorias nas condições de trabalho, como filtro solar e óculos de sol para os guarda-vidas. O governo do Rio, porém, não ofereceu nada para a categoria.

O quartel central do Corpo de Bombeiros do Rio foi ocupado na sexta-feira à noite por cerca de 2 mil manifestantes, de vários batalhões da cidade, alguns acompanhados por familiares (mulheres e crianças). Durante quase cinco horas, o comandante geral da PM, coronel Mario Sergio Duarte, esteve no local negociando com os manifestantes. Ao longo da madrugada, alguns bombeiros deixaram o quartel.

Às 6 horas de sábado, policiais militares do Batalhão de Choque invadiram o quartel com o uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar o movimento. A repressão atingiu também mulheres e crianças que acompanhavam os bombeiros. Uma criança de dois anos foi atendida no hospital Souza Aguiar por ter inalado gás, mas já foi liberada.

A informação inicial era de que cerca de 600 bombeiros foram presos após a invasão e transferidos, em um forte esquema de segurança, para a Corregedoria da Polícia Militar em São Gonçalo, na região metropolitana no Rio. No entanto, a PM confirmou posteriormente que são 439 presos.

Em entrevista coletiva no sábado (4), o governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB), provocou revolta da categoria ao qualificar os bombeiros que ocuparam o quartel de "vândalos irresponsáveis". De acordo com o governador, o salário médio dos bombeiros é de R$ 1.500 e chegará a R$ 2 mil no final do ano. A manifestação, entretanto, não trata de salário médio, mas de piso salarial — que, de fato, é um dos piores do país.

Da Redação, com agências