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Policiais reprimem manifestação na Grécia com violência

Demonstrando repúdio à aprovação pelo parlamento das medidas que asfixiam os trabalhadores do país, manifestantes foram às ruas de Atenas e sofreram forte repressão por parte forças policiais, destacadas para "limpar" a região próxima da praça principal de Atenas.

Ao menos 192 pessoas foram tratados em hospitais locais por problemas respiratórios em função das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia.

Outros 25 jovens ficaram feridos e, ao mesmo tempo, a polícia indicava que 40 membros da corporação teriam sofrido ferimentos leves.

Após o início da repressão policial, os manifestantes, concentrados na Praça Syntagma (Constituição, em grego), atearam fogo a uma agência de correios e atacaram também a sede do Ministério das Finanças, localizados na região.

Apesar da ampla maioria popular contrária à adoção do pacote, evidenciando o que é a "democracia" representativa burguesa, o pacote foi aprovado com 155 votos a favor, 138 contra e sete abstenções ou faltas. O governo precisava de uma maioria simples, de 151 dos 300 votos da Casa.

A oposição ao governo social-democrata do Partido Socialista – cujas políticas não carregam nada de socialistas, como é comum entre os partidos que representam a social-democracia europeia – duvida que o governo tenha condições de arcar com as consequências das medidas para a sociedade.

O recém nomeado ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, defendeu a repressão aos protestos e festejou os cortes, negociados por meio de chantagem com a União Europeia (UE), FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Central Europeu (BCE).

Sentimento de revolta

Nas ruas, milhares de pessoas manifestaram-se contra o novo plano de austeridade, no segundo dia de greve geral. Foi a primeira vez desde o fim da ditadura militar que os gregos entraram em greve por mais de 24 horas.

A noite de terça-feira ficou marcada por confrontos nas ruas entre a polícia e grupos de manifestantes e mesmo depois do anúncio da votação têm-se repetido as cenas de repressão.

Milhares de policiais foram destacados para a zona do parlamento e dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha sobre os manifestantes.

Depois das dezenas de feridos nos confrontos de terça-feira, a praça Syntagma tornou-se mais uma vez em um campo de batalha, com milhares de pessoas em fuga e a polícia a tentar encurralá-las nas ruas mais estreitas daquela zona da cidade.

O correspondente da BBC em Atenas afirma que bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas para a estação do metro, fazendo diversas pessoas cairem nas escadas de acesso, sufocadas.

Cerca de 500 pessoas receberam assistência no interior da estação, com problemas respiratórios devido à nuvem de gás que percorria o centro de Atenas.

O uso de gás lacrimogêneo em larga escala foi também tema de debate no parlamento, com os deputados criticando as ordens dadas nesse sentido às forças policiais e a apelarem ao fim da “guerra química” travada à porta do edifício enquanto decorria a votação.

Nas ruas, o sentimento era de revolta. "Isto é ruim, o país será vendido por um pedaço de pão. Havia muitas outras maneiras mais apropriadas de lidar com isso. Mais uma vez o Parlamento nos traiu", disse Dimitris Kostopoulos, 48, corretor de seguros.

"Continuaremos os protestos até o governo cair, e cairá", disse a estudante Thanas, 22. "Está um caos aqui, mas vamos ficar não importa o que aconteça, vamos lutar para recuperar a praça", acrescentou.

A chantagem contra a Grécia era simples. Caso não fosse aprovado o pacote de maldades, a Grécia não receberia o dinheiro necessário para pagar a dívida.

A praça Syntagma continua tomada pelos manifestantes e cercada por milhares de agentes das forças anti-motins. A greve geral de 48 horas paralisou os setores público e privado, afetou o transporte urbano, aéreo e marítimo, assim como outras atividades produtivas e de serviços.

Com informações da Prensa Latina