Para PSDB governo é 'hesitante e sem rumo claro', ‘incompetente e autoritário’
Os tucanos reuniram nesta quarta-feira (29) em Brasília o Conselho Político do PSDB. Foi a primeira reunião sob a presidência do ex-governador José Serra. O documento, que analisa o quadro político e econômico do país, só será divulgado na sexta-feira (1º).
Publicado 30/06/2011 09:39
Os cardeais do PSDB procuram ganhar tempo para ajustar a redação do documento e calibrar o tom dos ataques ao governo da presidente Dilma Rousseff, considerado "hesitante e sem rumo claro".
O texto foi produzido a partir de uma minuta escrita pelo candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, por isso está eivado pelo fel da amargura, com expressões como “incompetente” e “autoritário” ao se referir ao governo da presidente Dilma.
O presidente nacional do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), propôs que o texto passe pelo crivo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), ausente da reunião por razões de saúde. Aécio está em recuperação do acidente sofrido quando cavalgava em atividade de lazer numa fazenda no interior de Minas Gerais.
Na verdade, o atraso na divulgação do documento reflete as vacilações na cúpula tucana quanto à conduta a adotar em relação ao governo. Governadores do PSDB precisam desenvolver cooperação administrativa com o governo federal e preferem um tom mais cordial.
O senador Aécio, principal pré-candidato oposicionista às eleições presidenciais de 2014 e pretendente ao posto de principal líder do partido, teme que ataques ao governo repercutam negativamente na opinião pública, em face do elevado grau de aprovação da presidente.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também participou da reunião e em declarações à imprensa disse que o tom do documento é “objetivo”. Cardoso vem mantendo relação cordial com Dilma e chegou a brincar com os jornalistas: “Vocês querem que eu fale mal da minha presidenta?".
O presidente do partido, Sérgio Guerra, considerou que a primeira manifestação do conselho é "uma crítica mais organizada ao conjunto do governo" e que o objetivo não é criar barulho.
Serra defendeu abertamente uma linha de ataques ao governo e não escondeu sua ambição de assumir as rédeas do partido a partir da presidência do Conselho. Para ele, o PSDB deve se preparar para ser um partido "mais combativo em todo o Brasil" e observou que ainda falta "avançar muito" neste quesito. O candidato derrotado à Presidência da República chegou a propor que o Conselho Político se reúna a cada dois meses a fim de influenciar com suas opiniões as instâncias partidárias.
Com agências