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Jandira (SP): Ministério investiga nova denúncia de corrupção

O Ministério Público investiga outra denúncia de irregularidade na Prefeitura de Jandira, cidade na Grande São Paulo que teve o prefeito Braz Paschoalin assassinado há pouco mais de seis meses. Desta vez, é o estado das escolas municipais que chama a atenção. Depois de reformas que custaram oficialmente mais de R$ 10 milhões, os espaços continuam precários, colocando em risco as crianças e a educação pública.

A última chuva mostrou que o dinheiro público foi mal gasto com a educação na cidade. O telhado não segura a água, que jorra dentro da Escola Municipal Monteiro Lobato. Quem for ao guichê da secretaria vai se molhar, e as infiltrações estão nas paredes. A água chegou às salas de aula. Do lado de fora, é visível que o telhado comprometido. Não parece mas, toda a escola foi reformada.

A prefeitura pagou quase R$ 1,5 milhão para uma construtora. Para fazer o mesmo trabalho, também chamou o empreiteiro Lauro Silva Oliveira. Ele contou que a orientação era que ele contratasse o maior número possível de pessoas.

Depois da reforma que custou R$ 49 mil, a Creche Municipal Heneide Ribeiro precisa de baldes para aparar as goteiras. A água mina pelo teto e sai pelas lâmpadas. As rachaduras ficam cada vez maiores.

Nos últimos três anos, a prefeitura gastou mais de R$ 4,5 milhões para deixar as escolas impecáveis. Segundo os contratos, cabia às construtoras "o fornecimento de materiais de primeira linha e mão de obra especializada". Mesmo assim, a Prefeitura ainda comprou mais R$ 6 em materiais de construção.

Quatro depósitos de Jandira participaram da concorrência pública. No endereço de um deles, funciona uma pizzaria. Outro é uma garagem vazia, e em um deles o dono reclama que, quando o prefeito Braz Paschoalin era vivo, “pagavam direitinho”. “Aí, mataram o homem, parou tudo. ‘Travou’ todos os pagamentos”, diz.

Documentos entregues ao Ministério público levantam a suspeita de que materiais de construção comprados com dinheiro público possam ter sidos desviados ou simplesmente nunca terem sido entregues à Prefeitura de Jandira. Nos últimos anos, a cidade comprou meio milhão de blocos de concreto, uma quantidade que daria para construir 42 escolas com 425 salas de aula.

“O que dá pra entender é que essas empresas acabam fornecendo notas fiscais frias, pra desvio de dinheiro público”, diz o vereador Reginaldo Camilo dos Santos.

Anabel Sabatine, prefeita que assumiu o cargo depois da morte de Braz Paschoalin, não sabe onde tudo isso foi parar. “O que nós entendemos é que o gasto com a reforma das escolas foi acima da média do esperado, do que se tem no mercado. Agora, o por que, onde foi esse material, nós ainda não temos esse entendimento”, disse.

Um grupo de promotores passou um mês investigando Jandira e chegou a uma conclusão. “O que se notou é uma corrupção generalizada, uma corrupção instalada no poder público praticamente sem limites. Uma corrupção que substitui, que segue adiante e que mesmo mudando pessoas, o sistema continua corrupto”, afirma o promotor Cleber Rogério Masson.

O Ministério Público já entrou com sete ações na Justiça para recuperar o dinheiro.

Fonte: G1