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Capital não tem pátria: fortunas aumentam nos países em crise

Enquanto o produto interno bruto global teve queda de 2% e o desemprego global aumentou 14,4% em 2009 (atingindo 211,5 milhões), as fortunas conjuntas dos mais ricos aumentaram 9,4%: 4,5 milhões destes milionários estão nos EUA e no Japão, duas economias em profunda crise.

Os dados são da Merryl Linch e Capgemini, que publicam anualmente o World Wealth Report (Relatório sobre a riqueza mundial). Na verdade, o relatório não aborda exatamente a riqueza mundial, mas se detém na identificação dos grupos que concentram essa riqueza nos seus bolsos.

Eles se dividem em duas categorias: os HNWI (high net worth individuals, indivíduos com elevado rendimento líquido individual: igual ou superior a 1 milhão de dólares) e os UHNWI (ultra high net worth individuals, indivíduos com ultra elevado rendimento líquido individual: igual ou superior a 30 milhões de dólares).

A curiosidade dos relatórios reside em perceber qual é o objetivo deles. Uma das conclusões possíveis é a de que as consultorias estudam o comportamento dos HNWI e dos UHNWI porque acreditam que daí depende parte do futuro da economia mundial.

Mas o que se verifica é que daí depende, no fundamental, não a economia, mas as dinâmicas da especulação (bolsista, imobiliária, financeira, commodities) e os processos de centralização e concentração do capital. Não só não é na economia real que os HNWI procuram assegurar e multiplicar os seus ganhos como parece ser mais fácil descobrir uma correlação entre o que a economia perdeu e o que estes HNWI ganharam.

O relatório confirma que o capital não tem pátria. Os HNWI tendem a investir em outro lado: os asiáticos investem na Europa; os latino-americanos, na Ásia; os norte-americanos, na Ásia e na Europa; os europeus, na Ásia e na América Latina.

Os HNWI investem em clubes de futebol; em joalheria como pedras preciosas e relógios; em arte e coleções de luxo. A venda de iates de luxo, de jatos particulares e automóveis de luxo enfrentaram uma lamentável quebra em 2009, mas, diz o relatório, apresenta sinais muito animadores de recuperação em 2010.

Fonte: Diário Liberdade/Avante!