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Presidente da SBPC defende regras da Copa para a ciência

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, defendeu, durante a abertura da 63ª Reunião Anual da sociedade, neste domingo (10), que um marco legal semelhante ao criado para as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas seja usado para os gastos com pesquisa. O evento vai até sexta-feira (15), no campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

“A atual lei de licitações não condiz com a natureza das universidades, nem com os institutos de pesquisa. A ciência também é uma urgência nacional que encontra obstáculos intransponíveis na lei de licitações”, afirmou em discurso durante a abertura da 63ª reunião da SBPC, em Goiânia, Goiás.

Helena Nader lembrou que a autonomia universitária conquistada com a Constituição de 88 não foi concretizada por causa das restrições de gastos e contratações. “Sem instrumentos adequados, é impossível desenvolver ciência. Precisamos de uma lei que viabilize a pesquisa no Brasil”. A presidente da SBPC também defendeu a criação de um regime de contratação diferenciado para as universidades.

Pré-sal

Em sua fala, o ministro da C&T, Aloizio Mercadante, propôs que royalites do pré-sal sejam aplicados em ciência, tecnologia e meio ambiente. “Se os recursos gerados pelo pré-sal não forem usados em ciência e tecnologia, perderemos uma oportunidade histórica”, disse. De acordo com Mercadante, os royalites do pré-sal alcançarão a cifra de U$S 5 trilhões nos próximos 20 anos. “A prioridade tem que ser para ciência, tecnologia e meio ambiente”, afirmou.

A 63ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência começou neste domingo no campus Samambaia da Universidade Federal de Goiânia. Pelo menos 2 mil pessoas assistiram à abertura oficial do evento, que homenageou os professores Joffre Marcondes de Rezende, Ana Amélia Hamburger e a jornalista Ana Lucia Vieira.

Um dos fundadores da UFG e autor de importantes estudos sobre a doença de Chagas, Joffre Marcondes de Rezende, afirmou que “A ciência médica não pode dissociar-se da política de saúde, nem a universidade, de sua vocação ética”. Falecida em abril, a divulgadora de ciência e física Ana Amélia Hamburger, da Universidade de São Paulo, foi representada pelo marido, o também cientista Ernst Wolgang Hamburger. Ana Lucia Vieira, editora de Ciência do jornal O Globo, recebeu o prêmio José Reis, concedido pela SBPC aos profissionais que se destacam na divulgação de conteúdos de ciência.

O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira Brasil, destacou o tema desta SBPC – Cerrado: água, alimento e energia. “Aliar a produção de alimentos e energia à preservação de nossas florestas é um de nossos desafios”, afirmou. “Este caminho passa pelo desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação, por isso a importância deste evento”, completou Edward.

Financiamento

O reitor da UFG também fez um apelo por novas regras de financiamento para a ciência e tecnologia e pela aprovação do plano nacional de educação: “De outra forma, teremos de conviver com a miséria de nosso povo e desperdiçaremos as enormes riquezas de nosso país”. “Valorizar as universidades, seus professores e técnicos-administrativos é promover o desenvolvimento do país”, destacou.

O físico Ennio Candotti, ex-presidente da SBPC, concorda que as universidades e institutos de pesquisa devem ter regras de gasto diferenciadas. “Precisamos de um habeas corpus. Os órgãos de controle estão se tornando ditaduras onde nós permanentemente temos que provar que somos inocentes”, afirmou.

Fonte: Agência UnB