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Dilma manda BNDES sair da fusão Carrefour-Pão de Açúcar

A presidente Dilma Rousseff decidiu interromper o processo de negociação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com o empresário Abílio Diniz, presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar. Em conversa com o presidente do banco, Luciano Coutinho, na sexta-feira (8), Dilma informou que o BNDES não deve participar da aliança em que o Pão de Açúcar tenta comprar um pedaço do Carrefour.

A BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, injetaria pelo menos R$ 4 bilhões no negócio. Na avaliação de Dilma, o BNDES saiu desgastado do episódio. Abílio Diniz, aliado do PT nas últimas eleições e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não teria deixado claro que o banco só investiria com o aval do sócio francês Casino. Nesta terça-feira, o empresário se reunirá com o conselho de administração do Casino, em Paris, para explicar as razões que o levam a defender a proposta de fusão.

Em resposta à possibilidade de o governo brasileiro retirar o apoio, as ações do Carrefour recuavam mais de 3% na abertura dos mercados europeus nesta terça-feira. O plano de fusão, traçado por Abílio, tem sido vigorosamente contrariado pelo grupo francês Casino, com quem o empresário divide o controle da varejista brasileira.

Pela proposta apresentada em 28 de junho, o BNDESPar entraria com 1,7 bilhão de euros (quase R$ 4 bilhões) na operação, enquanto o BTG Pactual participaria com 800 milhões de euros. Mas o forte protesto contra a transação vindo do Casino, ferrenho concorrente do Carrefour na França, trouxe cautela ao governo brasileiro sobre o caso.

Analistas afirmaram que a possível desistência do BNDES foi um golpe para o Carrefour – que luta para se recuperar dos três alertas de lucro feitos há menos de um ano. “Os executivos (do Carrefour) certamente esperavam que o negócio fosse adiante e que as sinergias ajudariam a melhorar significativamente sua rentabilidade em hipermercados no Brasil”, disse o analista Justin Scarborough, do RBS. “Se o negócio fracassar, será uma decepção.”

Às 8h05h (horário de Brasília), as ações do Carrefour caíam 3,45% em Paris, enquanto as do Casino cediam 1,47%. O mercado, entretanto, não acredita que a batalha tenha chegado ao fim. “Espero que seja uma longa novela com muitas reviravoltas”, disse o analista Chris Hogbin, do Bernstein. Segundo ele, o Wal-Mart pode se interessar pelos ativos brasileiros do Carrefour, caso estejam disponíveis e a proposta de fusão defendida pelo Pão de Açúcar seja revista de forma a beneficiar mais o Casino.

Da Redação, com informações da Reuters