Metalúrgicos de Betim aprovam pauta de reivindicações

Metalúrgicos de Betim aprovaram em assembleia realizada no domingo (17) a pauta de reivindicações que será encaminhada à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) no próximo dia 29. Este ano, os metalúrgicos mineiros, que negociam de forma unificada, vão reivindicar 10% de aumento real de salários, salário de ingresso de R$ 1.800, abono de um salário nominal e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salários, entre 98 cláusulas que integram a pauta.

João Alves de Almeida, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, lembrou que um dos principais desafios da categoria este ano é elevar o salário de ingresso para evitar que as indústrias substituam trabalhadores que possuem mais tempo de casa com o intuito de baratear a folha de pagamento. “Elevar o piso é uma das principais alternativas que temos para combater a rotatividade no emprego”, afirmou.

Outros destaques da pauta são o pedido para que as empresas ampliem o prazo da licença maternidade para seis meses e a garantia de estabilidade até a aposentadoria para portadores de doenças adquiridas no trabalho. “A extensão do prazo de licença maternidade não pode ser tratada como um direito das mulheres. Trata-se na realidade de um direito da criança e, neste sentido, tanto mulheres quanto homens devem lutar para que a reivindicação seja atendida”, disse Andréia da Consolação Silva Diniz, diretora do Sindicato.

Base sólida

Antes da votação da pauta, Almeida apresentou dados estatísticos que comprovam que as indústrias podem atender às reivindicações da categoria em 2011. “Os números têm mostrado que a indústria mineira cresce acima da média nacional”, ilustrou. E citou ainda o fato de o primeiro semestre ter registrado recorde de vendas para a indústria automobilística – carro-chefe da região. “Além disso, as próprias montadoras estimam um crescimento de 5,9% no segundo semestre na comparação com o mesmo período do ano passado. Ou seja, temos uma base sólida para conquistar aumento real este ano”, acrescentou.

Narcísio Ramos Penido, também diretor do Sindicato, observou, entretanto, que a categoria “não deve ter ilusão quanto à negociação”. “A postura patronal deverá ser a mesma dos últimos anos. Mesa de negociação por si só não garante reajuste digno e ampliação de direitos. Isso se conquista com mobilização e luta”, orientou.

Marcelino da Rocha, presidente da FIT Metal, que também integra a direção do Sindicato, citou exemplos de mobilização em outras regiões do país que concentram montadoras de veículos, como Paraná, São Paulo e Bahia, a serem seguidos pelos metalúrgicos de Betim. “Nestes estados, quando há luta, há conquista. Não podemos perder esta experiência de vista”.
A Campanha Salarial Unificada dos Metalúrgicos de Minas Gerais reúne 25 sindicatos e aproximadamente 250 mil trabalhadores em todo o Estado, representados pela Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (FIT Metal), Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT) e Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos de Minas Gerais (Femetal-MG).

De Betim, 
Alexandre Magalhães