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Entidades afirmam que novo aumento na taxa de juros é equivocado

Diversas entidades de classes criticaram nesta quarta-feira (20) a decisão do Banco Central de elevar pela quinta vez consecutiva este ano a taxa básica de juros (Selic). O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa de 12,25% para 12,50%.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) condenou, em nota divulgada logo após o anúncio da elevação da taxa, a continuidade da política de aumento de juros praticada pelo governo. O texto divulgado no portal da entidade ressalta que mais juros significam menos empregos e afirma que a decisão coloca em risco o projeto de desenvolvimento necessário para o Brasil.

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“O Banco Central insiste numa política equivocada de enfrentar a inflação com uma medida que freia o crescimento da economia, intensifica o processo de desindustrialização, beneficia os rentistas ao mesmo tempo em que prejudica os trabalhadores e o setor produtivo da economia”, observou o vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Nivaldo Santana, agregando: “é um remédio que vira veneno”.

Mercado financeiro

Também em nota divulgada logo após o anúncio do governo, o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), afirmou que o principal beneficiado pela medida é o mercado financeiro.

"Consideramos a inflação baixa essencial para os brasileiros. Mas repudiamos esta política que traz lucros vultosos apenas aos especuladores em detrimento da maioria. Repudiamos esta atitude do Copom de ignorar os custos desta política para a população", afirmou Pereira.

Impacto na produção

Para Rogério Amato, presidente da ASCP (Associação Comercial de São Paulo) e de Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo), a taxa básica deveria ter sido mantida, mesmo que fosse com um viés de alta.

"A taxa já está muito elevada e seu impacto vem se fazendo sentir mais na produção do que no consumo, além de contribuir para uma valorização ainda maior do real", criticou.

Prejuízos

Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o aumento de juros intensifica o uso de instrumentos monetários no combate à inflação.

"O governo precisa adotar imediatamente medidas que amenizem os efeitos do aumento dos juros sobre a competitividade das empresas. Quanto mais essas ações demorarem, maiores serão os prejuízos para o país. Por isso, a indústria espera a inclusão de medidas efetivas de desoneração tributária na nova fase da política industrial", afirmou a confederação.

Desindustrialização

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) alertou, a partir da decisão desta quarta, para o risco de aceleração da desindustrialização. "Poderemos ter perdas de postos de trabalho, agravando os sérios problemas que já enfrentamos com a competitividade brasileira", afirmou em nota a entidade.

"Em vez de elevar os juros, o governo deveria adotar medidas que efetivamente reduzam a carga tributária, equilibrem a taxa de câmbio, melhorem a infraestrutura, diminuam o custo da energia e garantam isonomia entre a produção nacional e a estrangeira", afirmou o presidente da Fiesp Paulo Skaf.

Incompatibilidade

Para a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), o aumento foi precipitado e incompatível com o cenário macroeconômico atual.

"Desde a última reunião do Copom, há 45 dias, todos os indicadores disponíveis ratificaram a desaceleração da atividade econômica e o arrefecimento da inflação, com os índices negativos ao produtor apontando para a continuidade deste movimento", afirmou a entidade.

Equívoco

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) classificou de “equívoco” o reajuste da taxa básica de juros.

“O quinto aumento consecutivo da Selic em 2011 é um grave equívoco que está comprometendo o crescimento econômico deste ano, com implicações negativas na geração de emprego e na renda do trabalhador”, disse o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro.

Cordeiro defendeu que o Banco Central passe a levar em conta “metas sociais” na condução da política monetária. “Para isso, é fundamental ampliar o Conselho Monetário Nacional, de forma a contemplar a participação da sociedade civil organizada na discussão dos rumos da economia", ressaltou.

Da redação com informações da Folha.com e da Agência Brasil