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Juiz decreta prisão preventiva de autor do massacre na Noruega

O norueguês Anders Behring Breivik, que confessou ser o autor do massacre que deixou 93 mortos na sexta-feira, na Noruega, não quis se declarar culpado nesta segunda-feira (25) em uma primeira audiência na corte de Oslo. Ele ficará em prisão preventiva por oito semanas.

Ele explicou ao juiz Kim Heger que não se considera culpado pois precisava ter cometido estes atos para enviar "um forte sinal" aos noruegueses e proteger o país contra a "invasão" dos muçulmanos.

O juiz Heger determinou que Breivik fique detido por oito semanas, até 22 de agosto, metade das quais deve ficar em solitária e isolamento – sem cartas, telefonemas ou contato com sua família ou a mídia.

Normalmente, o acusado é levado à corte a cada quatro semanas enquanto os promotores preparam o caso, para que o juiz possa aprovar sua contínua detenção. Em casos de crimes sérios ou quando o réu é confesso, é comum este período ser ampliado.

Breivik foi indiciado por atos de terrorismo. O juiz afirmou que sua confissão e outras evidências encontradas pela polícia permitem o indiciamento. O norueguês de 32 anos disse ainda ao juiz que quis induzir a maior perda possível ao governista Partido Trabalhista, para que não consiga mais recrutar novos filiados.

Ele acredita que o partido falhou com o povo ao não protegê-lo de uma "tomada muçulmana" e o preço desta traição foram os ataques de sexta-feira – um carro-bomba detonado perto da sede do governo, em Oslo, e um tiroteio em um acampamento de jovens na ilha de Utoeya, que deixaram 93 mortos.

Breivik, definido como fundamentalista cristão, islamófobo e ultradireitista, queria transformar a audiência desta segunda-feira em uma ampla declaração de suas crenças perante o juiz e a imprensa. Ele afirmou em seu manifesto na internet, publicado antes dos ataques, que apareceria na corte de uniforme e faria uma longa defesa de sua tese.

A audiência, contudo, foi realizada a portas fechadas, um esforço para evitar um palanque ao extremismo. A sessão durou cerca de 35 minutos. Segundo Geir Lippestad, advogado do acusado, Breivik acredita que seus crimes foram "atrocidades, mas necessários" e que não merece nenhum castigo por eles.

Massacre

Na primeira ação, um carro-bomba explodiu próximo à sede do governo, no centro de Oslo, matando sete pessoas. No segundo ataque, Breivik atirou contra os participantes de uma colônia de férias da juventude do Partido Trabalhista na ilha de Utoya, 40 km a oeste da capital, provocando ao menos 86 mortes.

Os dois ataques foram cometidos com apenas duas horas de diferença. A hipótese mais sólida era de que o suspeito tinha ativado o carro-bomba que explodiu na capital para depois seguir em direção à ilha, situada a cerca de 40 quilômetros da capital.

Breivik disse à polícia de Oslo ter agido "sozinho" no massacre. Mas depoimentos de alguns sobreviventes deram a entender que poderia haver outro atirador.

Um documento de 1.500 páginas redigido aparentemente pelo norueguês revela que o ataque já era preparado desde o outono (boreal) de 2009. O documento, publicado na internet diariamente, inclui um manual sobre como montar bombas e um discurso contra o Islã e o marxismo.

Breivik detalha os preparativos de sua ação, destacando "o uso do terrorismo como um meio de despertar as massas", e admite que será lembrado como "o maior monstro nazista desde a 2ª Guerra Mundial".

Com várias referências históricas, o manifesto inclui numerosos detalhes da personalidade do agressor, seu modus operandi para fabricar bombas e seu treinamento de tiro, além de um minucioso diário dos três meses que precederam o ataque.

O texto, escrito em inglês, tem o título "A European Declaration of Independence – 2083" (Uma Declaração de Independência Europeia – 2083) e é firmado sob o pseudônimo "Andrew Berwick".

Com informações de agências