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Autor de duplo atentado na Noruega diz à polícia que agiu 'sozinho'

O suspeito de ser autor dos dois ataques na Noruega, Anders Breivik Behring, disse neste domingo (24) à polícia de Oslo ter agido "sozinho" no massacre que matou pelo menos 92 pessoas e deixou outras 97 feridas, além de vários desaparecidos.

No entanto, a polícia está investigando para determinar se houve "um ou mais" atiradores na ilha de Utoya, onde centenas de jovens com idades entre 14 e 17 anos participavam de um acampamento da juventude social-democrata, o partido do primeiro-ministro Jens Stoltenberg.

"Durante o interrogatório ele disse que estava sozinho. Vamos tentar descobrir se isso é verdade em nossa investigação", disse Sveinung Sponheim, um oficial da polícia de Oslo.

Pensado desde 2009

Um documento de 1.500 páginas redigido aparentemente pelo norueguês que matou 92 pessoas em dois atentados em Oslo, na sexta-feira, revela que o ataque já era preparado desde o outono (boreal) de 2009.

O documento, publicado na internet diariamente, inclui um manual sobre como montar bombas e um discurso contra o Islã e o marxismo.

Anders Behring Breivik, um norueguês de 32 anos, detalha os preparativos de sua ação, destacando "o uso do terrorismo como um meio de despertar as massas", e admite que será lembrado como "o maior monstro nazista desde a Segunda Guerra Mundial".

Com várias referências históricas, o manifesto inclui numerosos detalhes da personalidade do agressor, seu modus operandi para fabricar bombas e seu treinamento de tiro, além de um minucioso diário dos três meses que precederam o ataque.

O texto, escrito em inglês, tem o título "A European Delaration of Independence – 2083" (Uma declaração de Independência Europeia – 2083) e é firmado sob o pseudônimo "Andrew Berwick".

“Monstro nazista”

"Meu nome, Breivik, remonta à época anterior a dos vikings. Behring é um nome germânico pré-cristão que deriva da palavra Behr, que em alemão significa urso (…) e Anders (Andreas) é o equivalente escandinavo de (…) Andrew", explica.

"Um alvo prioritário é a reunião anual do partido socialista/social democrata", diz o texto, que também explica como montar uma empresa de fachada, mineradora ou agrícola, para adquirir explosivos.

O documento acaba assim: "Acredito que será minha última postagem. Estamos na sexta-feira, 22 de julho, às 12h51", apenas três horas antes da explosão de uma bomba no centro de Oslo e do posterior ataque à colônia de férias do Partido Trabalhista.

Behring admitiu hoje que participou dos ataques, que "foram planejados há muito tempo", informou seu advogado Geir Lippestad.

O acusado foi membro do partido Progressista (FrP, da direita populista) e de seu movimento jovem, além de participar de um fórum neonazista sueco na internet.

O FrP confirmou que Behring se filiou ao partido em 1999, mas saiu da lista de membros em 2006. Ele também foi o responsável local do movimento juvenil do FrP entre 2002 e 2004.

A polícia definiu Behring como um "fundamentalista cristão" de direita, hostil ao islamismo.

De acordo com Mikel Ekman, investigador da Fundação Expo, com base em Estocolmo, que monitora grupos de extrema direita, Behring criou um perfil em 2009 sob um pseudônimo que pode ser rastreado para seu endereço de e-mail em um fórum neonazista sueco chamado Nordisk.

Fundado em 2007, o Nordisk conta com 22 mil membros na região.

Atentados

Na primeira ação, um carro-bomba explodiu próximo à sede do governo, no centro de Oslo, matando sete pessoas. No segundo ataque, o agressor atirou contra os participantes de uma colônia de férias da juventude do Partido Trabalhista (no poder) na ilha de Utoya, 40 km a oeste da capital, provocando 85 mortes.

A polícia norueguesa já trabalhava com a tese de que ele havia agido sozinho tanto no ataque ao prédio público – que deixou pelo menos sete mortos – quanto no massacre da ilha – que matou pelo menos 85 pessoas.

Não se descartava, no entanto, que ele tivesse cúmplices, sobretudo no atentado ao complexo governamental de Oslo.

Os dois ataques foram cometidos com apenas duas horas de diferença. A hipótese mais sólida era de que o suspeito tinha ativado o carro-bomba que explodiu na capital para depois seguir em direção à ilha, situada a cerca de 40 quilômetros da capital.

Com informações de agências