ONU discute ajuda à agricultura africana
As autoridades europeias destacaram hoje, na reunião de emergência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para a questão da fome no Chifre da África, a necessidade de envio de recursos tanto para a ajuda emergencial como para garantir a segurança alimentar da região.
Publicado 25/07/2011 17:01
Após o anúncio do Banco Mundial do envio de US$ 500 milhões (cerca de R$ 776,9 milhões) à Somália, um dos países mais atingidos pela crise de fome, o ministro da Agricultura da França, Bruno Le Maire declarou que "a comunidade internacional faliu na construção da segurança alimentar dos países em dia de desenvolvimento".
"É preciso investir na agricultura mundial, ajudar os países em via de desenvolvimento a desenvolverem sua própria segurança alimentar", defendeu.
Ele colocou que, "se não quisermos rever entre um ou dois anos o mesmo desespero, os mesmos refugiados, devemos mudar o método. Não basta fornecer ajuda financeira, não basta dar milhões de dólares".
Le Maire, presidente em turno do G20 (grupo de países desenvolvidos e em desenvolvimento), opinou ainda que não se deve reduzir a contribuição europeia de 100 milhões de euros (cerca de R$ 223 milhões) para o Chifre da África e manifestou que é preciso ter "orgulho" do que a Europa faz na região que "vai de encontro à necessidade dos refugiados e dos que sofrem de fome".
Longo prazo
O Banco Mundial anunciou hoje à margem da conferência emergencial da FAO a destinação de US$ 500 milhões à Somália, que servirá para financiar projetos de longo prazo para agricultores somalis, sendo que cerca de US$ 11 milhões (R$ 17 milhões) serão destinados ao auxílio imediato da população.
"A prioridade é a sustentação imediata e a assistência para reduzir o sofrimento das populações, mas ao mesmo tempo é preciso também ter um olho para encontrar soluções no longo prazo", afirmou o presidente da instituição, Robert B. Zoellick.
O chanceler italiano, Franco Frattini, observou, por sua vez, que para enfrentar a situação de emergência, é "urgente e indispensável um corredor humanitário e aéreo para enviar bens de primeira necessidade onde sirvam".
Ele acrescentou que a ação deverá desafiar, se necessário, "os terroristas do Shabaab, que disseram não querer as ajudas porque para eles a vida das pessoas não vale nada".
Nos últimos dias, milicianos islâmicos do Al Shabaab, ligado à Al Qaeda, que controlam regiões da Somália, bloquearam acessos para transporte de operações humanitárias internacionais para refugiados em situação de fome.
O vice-premier da Somália, Mohamed Ibrahim, que esteve no encontro em Roma, lançou um apelo aos líderes presentes no encontro para que ajudem o país "a abrir corredores humanitários para o transporte de ajuda humanitária" para a população somali, que, segundo ele, está "desesperada".
Em sua intervenção, Ibrahim ainda acusou os insurgentes somalis de "não permitirem por muito tempo a passagem das ajudas".
Fonte: Agência Ansa