Publicado 25/07/2011 09:58 | Editado 04/03/2020 17:07
Apesar de a marcha reivindicar o respeito às mulheres, não faltaram homens para apoiar e criticar o machismo. Para uma das apoiadoras do protesto, Jolúzia Batista – coordenadora do coletivo Leila Diniz -, o objetivo era demonstrar a indignação da realidade atual do tratamento recebido pelas mulheres. "Tentamos desmontar a cultura de que a mulher não pode se vestir da forma que entender. De que a forma como se veste justifica a violência sofrida. É uma reação também contra o conservadorismo", informou.
Segundo ela, o preconceito se espalha pelo mundo e aqui em Natal não é diferente. "Estamos em uma cidade litorânea e é natural que a cultura das roupas que vestimos exponha o nosso corpo. E não é por isso que estamos pedindo para ser violentadas", esclareceu Jolúzia Batista.
O movimento contou com a aceitação da jovens, que marcaram presença. O público foi plural. A agente de saúde Daguimar Francisca da Silva, de 51 anos, estava à caratér, com vestido brilhante e colado. "A roupa não diz que eu sou. O preconceito existe em toda a sociedade e a com as mulheres, isso é acentuado", disse.
Para a professora Isabel Gomes, também presente na Marcha, a mulher tem que deixar de ser mal vista quando sai e se veste da maneira que considera adequada. "O corpo é nosso. Aqui em Natal existe o preconceito de que se eu me visto de tal forma, sou 'piriguete'. Temos que discutir a igualdade e a liberdade", afirmou Isabel.
Este ano, a Marcha das Vadias ganhou as ruas de várias cidades brasileiras, entre elas São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza. Mulheres com saias curtas, de salto alto e até só de calcinha e sutiã saíram às em protesto. Em São Paulo, a marcha reuniu no início de junho cerca de 300 pessoas.
Sobre a marcha
O movimento inicial "Marcha das Vagabundas" aconteceu em abril deste ano, quando alunas de uma universidade no Canadá resolveram protestar depois que um policial sugeriu que as estudantes do sexo feminino deveriam evitar se vestir como ´vagabundas/vadias´ para não serem vítimas de abuso sexual. No Canadá, as mulheres resolveram exigir mais do que um pedido de desculpas.
A primeira marcha reuniu cerca de 3 mil participantes vestidas de forma provocativa ou comportada para chamar a atenção para a cultura de responsabilizar as vítimas de estupro. Foi o estopim para que outros eventos semelhantes se espalhassem por várias cidades dos Estados Unidos e Europa. Em Natal, "as mulheres poderam ir vestidas da forma que bem entenderem", segundo os organizadores do evento.