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Walter Sorrentino: Um PCdoB mais amplo, complexo e diversificado

O PCdoB está preparado subjetivamente para ser maior. É um sinal de maturidade o partido não se atrasar, se pensar e se dirigir enquanto partido mais amplo, complexo e diversificado.

Por Walter Sorrentino*

A orientação dada pelo Comitê Central em termos de linha político-organizativa – a que foi consubstanciada no 7º Encontro Nacional sobre Questões de Partido – motivou um compromisso de todo o coletivo partidário.

Isso valeu especialmente para a direção nacional. Nesse semestre, houve um esforço renovado em chegar a todo o país controlando a implementação da linha. Foram mais de 70 viagens da organização, com a realização de mais de 85 agendas bilaterais entre o nacional e os comitês estaduais enfocando o problema.

Na realidade, ano de conferências exige isso mesmo. Conferências concentradamente definem o projeto político e o projeto partidário, este último concentrado na construção das direções. Além disso, a linha está embasada na Política de Quadros do 12º Congresso, sendo este o primeiro ano de aplicação sistemática de suas diretrizes em todos os comitês partidários.

Por isso, foi muito produtiva a rodada. De todos os Estados, faltando apenas um último, recolheram-se elementos indispensáveis para sistematizar a prática da renovação e alternância nas funções partidárias, em função dos desafios do projeto político mas também do rápido metabolismo de um partido que cresce a olhos vistos.

O partido sente confiança quando esse debate é feito pelos métodos justos e em tempo adequado. Temos insistido que esse método envolve conversações bilaterais conduzidas pelo presidente estadual, e institucionalizado num debate da comissão política de modo fraterno, transparente e responsável. Todos têm que dar sua opinião e não apenas em processos de cúpula. Ademais, o tempo foi o de junho. Constituir direções é talvez um dos processos mais complexos, que carecem de construção paciente e laboriosa. Nada justifica a situação anterior, de debates às vésperas de conferências, improvisados muitas vezes, semi-espontâneo. Isso não constrói alternativas e a resultante tem sido inércia nas funções de direção. Ao contrário, iniciando antes, se constroem alternativas não só de novos nomes, como de novas funções para os que são alternados nas responsabilidades. Nada a ver com espontaneísmo; nada a ver com cupulismo, ou seja, o debate só é aberto quando já está concluído entre poucos.

Fora isso, a direção nacional organizativa tem feito um esforço de chegar aos comitês municipais. Essa é uma chave decisiva do crescimento sustentado e consistente de nosso partido. Os Encontros Estaduais que reproduziram o 7º encontro nacional já alcançaram possivelmente mais de 600 comitês municipais! É a primeira vez que chegamos a falar diretamente a esse elo principal – os quadros intermediários dirigentes – fora de ano Congressual. Alvíssara!

Por último, tem sido evidenciado que o processo de direção, sendo um sistema, carece de mais canais de ampla participação dos quadros, integrando-os à formulação e operação política do partido. Por isso a horizontalização que vem ocorrendo é fundamental: fóruns de macrorregião, fórum de vereadores, de gestores, fórum dos movimentos sociais etc são indispensáveis hoje para acolher esses quadros e gerar a unidade mais elevada em torno da linha e projeto políticos do partido em cada Estado.

Devemos continuar esse esforço até ultimar as conferências, em novembro próximo. Devemos aprofundar com consequência a diretiva de estender as fileiras, ampliar os municipais, fazer a revisão organizativa nas grandes cidades em prol de vida militante de base mais definida, e instituir os departamentos de quadros voltados a uma ampla visão dos quadros intermediários e de base.

Linha político-organizativa é tão complexa e determinante quanto a linha política. Elas se fundem. Uma sem a outra não dá consistência para as vitórias pretendidas. Ambas precisam ser lideradas em todo o partido, a partir dos principais quadros políticos, e em particular pelos secretários de organização.

O rumo está traçado. Como em outros âmbitos de nossa experiência, o sucesso depende de concentração e denodo para realizá-lo. Esperamos até este mês de agosto construir metas dos indicadores propostos em todo o país.

Para completar, a Comissão Política Nacional apreciou ajustes do processo de direção nacional, de modo a fazer com que os membros dela liderem de fato a direção concreta em todo o país, secundada por um reforço da comissão nacional de organização que de fato possa chegar a todo o país com um trabalho de controle da implementação da linha político-organizativa.

Enfim, o PCdoB está preparado subjetivamente para ser maior. É um sinal de maturidade o partido não se atrasar, se pensar e se dirigir enquanto partido mais amplo, complexo e diversificado. Essa é a chave para cumprirmos o compromisso assumido no 7º encontro em todo o país: ousadia no projeto político, unidade em torno dele em patamar mais elevado, dirigir organizativamente pela política de quadros e alcançar vida militante de base mais definida.

* Walter Sorrentino é secretário Nacional de Organização do PCdoB