Corrente majoritária do PT não chega a acordo sobre prévias
A discussão sobre o fim das prévias e a adoção regras mais duras para filiação partidária dividiu o grupo que hoje comanda o PT. Reunidos no domingo (31) em São Paulo, integrantes da chapa Para Mudar o Brasil, composta pela correntes PT de Luta e de Massa (PTLM), Novos Rumos e Construindo um Novo Brasil (CNB), a maior do partido, não chegaram a acordo sobre as mudanças no estatuto, a serem votadas no 4ª Congresso do PT no dia 4 de setembro.
Publicado 01/08/2011 11:46
"As propostas do anteprojeto foram mal recebidas pela maioria", afirmou o deputado federal Carlos Zaratinni, pré-candidato a Prefeitura de São Paulo. O texto com as mudanças foi elaborado pela comissão de reforma do estatuto e causou polêmica entre militantes, principalmente pela limitação às prévias, em que os militantes escolhem o candidato majoritário por eleição direta.
"A proposta do [deputado federal Ricardo] Berzoini, de serem necessários 20% das assinaturas dos filiados [para inscrever a pré-candidatura], acaba com as prévias", criticou Zaratinni. Hoje, é preciso do apoio de 10% dos filiados ou de 15% da direção para concorrer a indicação do partido. O anteprojeto prevê dobrar esses números. "Em São Paulo, com 120 mil filiados, seria preciso 24 mil assinaturas. É absurdo", disse.
Os defensores do modelo argumentam que é preciso limitar a disputa interna para não criar sequelas e evitar a disputa apenas para marcar posição — comum nas alas mais radicais do PT. "As últimas prévias que fizemos, embora seja um instrumento democrático, foram viciadas por vários problemas, inclusive interferência econômica", afirmou o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Na semana passada, Carvalho disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a realização de prévias seria um "desastre". Agora, ele fala em "aperfeiçoar" o processo de escolha. "Prefiro que a gente chame as lideranças, discuta e chegue a um consenso", declarou.
Outro tema a dividir o grupo que comanda o PT é uma mudança proposta no anteprojeto para tornar obrigatória a participação em cursos e palestras para se filiar ao partido. "Tem que colocar limites em certas práticas. Mas não estou convencido que essa exigência seja a solução", disse o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, que, em tom de brincadeira, comparou as regras a um "Enem" (exame que serve como vestibular ao fim do ensino médico) para se filiar a legenda.
Um dos coordenadores da comissão de reforma do estatuto, Gleber Naime reclamou das críticas. "Quem faz piadinha deveria perceber que desqualifica o debate. Não queremos filiados só para votar nas eleições internas. Queremos militantes", disse. "Os cursos podem ser uma alternativa para votar na eleição interna, ao invés da contribuição financeira ao partido", completou.
Fonte: Valor Econômico