Uma cidade com vocação para a prestação de serviços
Há alguns anos, Porto Alegre vem sofrendo um forte processo de desindustrialização. Algumas regiões sentem isso mais fortemente, como o 4° Distrito, por exemplo. Hoje, vemos lá galpões abandonados e uma cobrança justa dos moradores pela reorganização do espaço.
Publicado 01/08/2011 16:32 | Editado 04/03/2020 17:10
Mas, como em todo processo econômico, houve uma resposta à desindustrialização e Porto Alegre encontrou uma de suas grandes vocações: a prestação de serviços e o comércio. Hoje, 46% da arrecadação tributária da capital vêm desse setor. Do valor total arrecadado como receita tributária, ou seja, impostos (R$ 1.042.904.798,07), quase R$ 490 milhões são relativos ao imposto sobre serviço (ISS). Estes dados são de 2010 e os de 2011 acompanham o mesmo ritmo.
É preciso, diante desses dados, um olhar especial por parte do poder público para o setor. Não porque representa quase metade da arrecadação municipal. Mas, sim, porque há um amplo espaço para crescimento na área, há um enorme potencial de expansão de conhecimento e investimentos que podem, por exemplo, colocar Porto Alegre no centro do Mercosul. Se entendemos que uma cidade organizada é aquela que reconhece suas vocações as incentiva, então é preciso agir nesse sentido.
Nem todas as ações têm sido assim direcionadas. Para que as pessoas saiam às ruas, por exemplo, para comprar, é preciso que haja segurança. E os porto-alegrenses estão, há alguns anos, mudando seus hábitos porque não se sentem seguros nas ruas da cidade. Quem mais perde com isso é comércio local, claro. Mas essa situação pode ser revertida com uma ação simples como o sistema integrado de monitoramento com câmeras. Prefeitura e comércio podem agir juntas e implementar um sistema que permita aos cidadãos andarem nas ruas com tranquilidade e segurança.
Outro fator determinante para que a vocação da capital para a prestação de serviço e comércio seja cada vez mais incentivada são os investimentos em qualificação. Se queremos (e podemos) ser uma cidade referência no setor, precisamos que a mão de obra seja qualificada, que nossos profissionais estejam em permanente capacitação e que se adaptem às novidades, incorporando cada vez mais qualidade aos seus serviços.
Destaco por fim, pela importância, o fato de que o setor de serviço e o comércio não crescem em ritmo mais acelerado pela resistência à modernização e unificação de sistemas da gestão pública. A burocracia e a morosidade para que se abra um novo negócio é significativa e muitos investidores acabam por desistir. Não vivemos uma época em que se admita isso. Ao contrário, a hora é de atrair investimentos e consolidar Porto Alegre como uma cidade cuja prestação de serviços é exemplar.
É preciso pensar Porto Alegre no presente: uma cidade moderna, que alia desenvolvimento econômico e social, que incentiva a iniciativa privada e prepara seus cidadãos para ter mão de obra qualificada. Uma cidade projeta o aumento de sua arrecadação sem aumentar impostos. Porto Alegre precisa investir em suas vocações e não torná-las cada vez mais distantes de nossa realidade.
Deputada Manuela d'Ávila
Artigo publicado originalmente no site Sul 21