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Rossi nega crise no PMDB; Jucá se desculpa por acusações do irmão

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou nesta segunda-feira (1º) que Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) e ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é "despreparado para o cargo". O ministro nega a necessidade de "faxina" no órgão.

Rossi admitiu que Jucá Neto foi indicado para o cargo por ser irmão do líder do governo e que foi pego "numa flagrante ilegalidade e agora quer criar uma crise política ao tentar colocar todo mundo no mesmo saco". "Não vou dizer que não tenho parcela de culpa na escolha, mas cumpri minha responsabilidade ao colocá-lo para fora", afirmou.

Segundo Rossi, o ex-diretor foi demitido da Conab após liberar um pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa ao acessar diretamente o sistema de repasses financeiros do órgão, sem informar à diretoria. "Foram contrariadas todas as normas, sem passar por diretorias. Ele mesmo entrou no sistema e pegou um recurso que não pode ser manejado", afirmou o ministro.

O ministro nega que haja uma crise no PMDB, que comanda a pasta e tem como um dos principais líderes Romero Jucá. "A única irregularidade detectada foi feita pelo Oscar. Estamos passando todos os pagamentos em revista e informamos a CGU [Controladoria Geral da União]", disse Wagner Rossi.

O ministro, contudo, disse que é uma situação "difícil" por conta do parentesco do ex-diretor da Conab com o líder do governo. "Vocês hão de convir que o senhor Oscar é irmão do líder do governo. Eu comuniquei ao senador, que teve uma atitude absolutamente correta e pediu para minimizar danos, mas que poderia fazer o que achasse mais correto."

À revista Veja, Oscar Jucá Neto disse que havia dois esquemas de corrupção na Conab, com o aval do ministro. Um deles seria relacionado à venda de terrenos da Conab com preços abaixo do valor de mercado. Outro caso seria o pagamento de uma dívida para a empresa Caramuru com valores acima dos previstos -o excedente seria distribuído em propina.

De acordo com o ministro da Agricultura, a venda do terreno diz respeito a um lote localizado no setor de clubes de Brasília, avaliado pela Caixa Econômica em R$ 8 milhões e vendido a R$ 8,1 milhões em concorrência pública. Em relação ao pagamento de uma dívida para a Caramuru, o ministro afirmou que o caso foi decidido pela Justiça. "Quem define o valor é o juiz, não tem como a gente mudar o valor", disse o ministro.

Já Romero Jucá (PMDB-RR) pediu desculpas nesta segunda-feira à presidente Dilma Rousseff pela postura de seu irmão. "Foi um absurdo o que ele fez — eu desaprovei sua conduta. Pedi desculpas à presidente e já tinha também conversado com o ministro Wagner Rossi. Ele viajou, não sabia que ele daria entrevista. Tenho que discordar da sua postura", afirmou o líder.

Segundo ele, as denúncias não prejudicam o PMDB, nem vão levar Dilma a promover uma "limpeza" no Ministério da Agricultura. "A oposição vai tentar fazer uma onda por motivação política. Mas a presidente entendeu minha posição."

Da Redação, com informações do Valor Econômico