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Maria da Penha aparece em vídeos para defender direitos humanos

As Nações Unidas, o Instituto Maria da Penha e entidades parceiras criaram três anúncios de vídeo voltados para homens e mulheres em situação de violência e populações do Norte e Nordeste. “Mulheres e Direitos” é a campanha lançada na última sexta no Rio de Janeiro, que advoga o fim da violência e defende a promoção da igualdade de gênero.

Maria da Penha aparece em um dos três vídeos para defender o fim da violência e o promover a igualdade de gênero; fatores condicionam vulnerabilidade e contaminhação pelo vírus da AIDS.

O Coordenador do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS no Brasil, Pedro Chequer, explica por que foi desenvolvida uma peça regional.

Para a Ministra-Chefe da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, o Brasil avançou no combate à violência com a condenação de mais de 100 mil agressores e 1,5 mil prisões em flagrante desde 2006. Mas ainda há muitos desafios.

“Os governos estaduais, junto com o governo federal, precisa ampliar o número de núcleos de atendimento. O número de delegacias especializadas precisa crescer, não só em quantidade, mas a capacitação do atendimento à mulher agredida. Porque ás vezes ela é agredida em casa e é agredida verbalmente ou moralmente na delegacia; ampliação das casas de abrigo, ocupação de postos de trabalho e igualdade no mundo de trabalho para que ela tenha um empoderamento econômico e financeiro e não dependa do seu agressor”, defendeu.

A campanha

“A campanha foi construída a partir de uma observação na região norte do país, onde a ONU tem um plano integrado de ação na área de Aids. Nós observamos a precariedade ou quase inexistência de equipamentos públicos ou políticas públicas sendo implementadas em municípios, no estado do Amazonas, por exemplo ou na Bahia, voltadas para a proteção da mulher e redução da inequidade. E muitas vezes, a violência contra a mulher é vista culturalmente como algo aceitável, sem qualquer consideração como sendo alguma coisa aberrante ou adversa”, explicou.

Segundo Chequer, a violência contra a mulher e a inequidade de gênero são fatores que aumentam a vulnerabilidade e, consequentemente, a contaminhação pelo vírus da AIDS. Em alguns países da África, as mulheres já representam dois terços da população com HIV. No Brasil, o número de jovens do sexo feminino contaminadas também já superou o de homens da mesma idade.

Maria da Penha

A biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes foi agredida pelo ex-marido durante seis anos. Paraplégica depois de uma tentativa de assassinato, ela denunciou o agressor e procurou a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. Cinco anos depois da criação da Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha em homenagem à sua luta, ela participa da campanha, aparecendo nos vídeos.

“Todos nós conhecemos alguém na nossa família, um parente próximo ou um vizinho, que sofre violência doméstica e não tem coragem de denunciar. Porque a informação ainda não chegou naquela pessoa. A mídia é muito importante nessa informação. Mas não só a mídia. A questão da educação (também é importante), é preciso trabalhar o assunto nas escolas, para que desde a mais tenra idade, a criança saiba identificar ”, disse.

Trecho de um dos vídeos da campanha

Uma pesquisa aponta que 94% da população brasileira conhece a Lei Maria da Penha, mas não sabe como buscar seus direitos. Uma das formas é pelo Disque 180, que funciona 24 horas por dia, incluindo feriados, e atende a todo o país gratuitamente.
Maria da Penha aparece em um dos três vídeos para defender o fim da violência e o promover a igualdade de gênero; fatores condicionam vulnerabilidade e contaminhação pelo vírus da AIDS.