Sem categoria

Dilma considera “delicada” a situação do Brasil na crise

“Delicada” foi a palavra usada, repetidas vezes, pela presidente Dilma Rousseff para descrever a repercussão da crise econômica mundial no Brasil, pauta da reunião do Conselho Político, realizada na manhã desta quarta-feira (10), no Palácio do Planalto. Sobre a crise política, a presidente só se manifestou sobre o assunto na preocupação em abreviar a reunião para que a base aliada pudesse participar das audiências com os ministros da Agricultura e das Cidades, na Câmara dos Deputados.

Dilma considera “delicada” a situação do Brasil na crise - agência Brasil

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, que participou da reunião, disse que o governo percebe que não pode ser pautado pela mídia. A presidente chegou a se referir as denúncias como "onda de corrupção midiática". As medidas de combate a corrupção fazem parte das promessas de campanha de ser um governo sério e apurar irregularidades, mas o governo não vai entrar na campanha de fazer "faxina". "Ela percebe que essas coisas tem fronteiras e ela vai defender seus ministros", disse o dirigente comunista.

"Temos ministros competentes, temos um vice-presidente com grande capacidade política, temos uma base aliada ampla, mas precisamos estreitar nossas relações", disse a presidente, segundo informou o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Segundo o líder, Dilma disse que a liderança de um país como Brasil é da presidente da República, mas que ela tem consciência de que essa liderança é exercida em conjunto com os agentes políticos.

O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) também avaliou a reunião sob o ponto de vista da crise política. Segundo ele, é preciso ter cuidado com "intrigas" entre os aliados.

O líder do PCdoB na Câmara, deputado Osmar Júnior, saiu da reunião com a mesma opinião sobre a condução da chamada crise política. "A crise política se manifesta a partir de grande pressão sobre o governo e de fatos presentes na história da vida brasileira ligada a desvio de recursos, que tem marcado a atuação do Estado brasileiro e que persistem. O fato novo é que hoje temos apuração. Portanto, parte da oposição tenta, a partir desses fatos, desgastar o governo."

Ele admite que "esse ambiente de hoje não tem jeito de não trazer nível de desgaste", mas afirma que "o importante é a política que o governo estabelece, de manutenção do crescimento da economia, manutenção do crescimento do nível de emprego e de defesa da indústria nacional. Isso vai unir a base".

Três aspectos

As medidas que o governo pretende adotar para preparar o Brasil para enfrentar a crise econômica foram o tema central da reunião. A presidente reafirmou a disposição do governo de enfrentar a crise, a exemplo do que ocorreu em 2008, sendo o Brasil o último a entrar e o primeiro a sair.

As medidas do governo consideram três aspectos importantes: manutenção do crescimento econômico, manutenção do nível de crescimento do emprego e defesa da indústria nacional.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi convocado para expor o tema e fazer os devidos esclarecimentos. Ele repetiu o que já havia dito no lançamento do Plano Brasil Maior e na Comissão Geral realizada ontem (9) na Câmara dos Deputados para discutir o assunto. O ministro disse que o Brasil está preparado para o agravamento da crise, mas com ônus. Por isso, defendeu que o Legislativo e o Judiciário façam a sua parte, na que tange à contenção de gastos.

O ministro citou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria o piso salarial nacional dos policiais e bombeiros – conhecida por PEC 300 – como exemplo de gasto público que não deve ser criado nesse momento de crise internacional. Na Câmara, há pressão de policiais e bombeiros para a conclusão da votação da proposta.

Segundo o deputado Osmar Júnior, o Plano Brasil Maior, que foi encaminhado ao Congresso Nacional na forma de Medida Provisória, "dá condições de competitividade de setores da indústria nacional que estão sofrendo concorrência predatória de alguns outros países", mas adiantou o propósito do PCdoB de apresentar emendas "no sentido de aprimorar a proposta para que ela possa contemplar o interesse do Brasil e dos trabalhadores".

De Brasília
Márcia Xavier