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Microcrédito avança no mapa

Programas do governo federal, a crescente valorização do empreendedorismo e a demanda dos eventos esportivos estão expandindo e realocando as linhas de microcrédito em todo o Brasil, que crescem na direção ao Sul e Sudeste

Tradicionalmente, bancos estatais, como o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Banco do Brasil, entre outros, sempre foram os mais fortes apoiadores do crescimento rural e urbano por meio do microcrédito. As regiões rurais e de maior pobreza costumavam capitalizar o maior volume desse crédito, não à toa o BNB possui dois programas que são referências no gênero.

Um deles, o Crediamigo, instituiu uma importante política pública destinada aos trabalhadores informais no meio urbano, tornando-se o segundo maior programa de Microcrédito da América Latina e o 1º do Brasil, com 806 mil clientes ativos. É modelo no país e no exterior.

Agora os bancos particulares e estrangeiros também estão de olho nos microempreendedores e, com sua investida, vão deslocando o centro de atuação desse nicho, que era o nordeste, para regiões com maior população urbana, como Sul e Sudeste. As cidades-sede da Copa de 20014 também estão na mira desses investidores.

Aplicações cresceram 45% em dez anos

Os novos participantes desse mercado são atraídos pelo potencial de crescimento do microcrédito no país. As aplicações totais para o pequeno empreendedor cresceram cerca de 45% entre abril de 2010 e 2011, mais ainda exibem um saldo tímido, de R$ 1,1 bilhão, último dado do BC. O desembolso mensal vem aumentando progressivamente. Comparativamente, em abril de 2008 foram contratados R$ 92,6 milhões. Em abril último, o valor desembolsado foi de R$ 255,4 milhões.

Para o Centro de Estudos em Microfinanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a entrada de novos participantes dinamizará o mercado de microcrédito do Brasil.

Entre os participantes que mais investiram na área estão os bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, que disponibilizaram maior aporte de pequenos empréstimos em atendimento a convocação expressa da presidente Dilma Rousseff.

A vitória do Banco do Brasil (BB) no leilão do Banco Postal, dos Correios, é uma importante ferramenta para essa expansão, já que o Banco do Brasil passa a fazer sua oferta de microcrédito nas agências dos Correios, aproximando-se ainda mais dos possíveis clientes.
Governo

Além de incentivar a participação dos bancos estatais, o governo tem patrocinado ações efetivas para o desenvolvimento do mercado. Há cerca de dois meses, o Banco Central reuniu reguladores com os representantes do setor de principais bancos do país.
Na extensa pauta estava a discussão de melhorias que poderiam ser feitas na regulamentação do microcrédito, como a criação de modalidades diferentes para os pequenos financiamentos, entre outras possíveis inovações. Os grandes bancos estavam representados e alguns deles já estão desenvolvendo e ofertando ao mercado produtos nessa direção.

América Latina 
Entre os bancos da América Latina que já anunciaram sua entrada no mercado de microcrédito brasileiro está o Mibanco, do Peru. Com experiência em microfinanças no país andino, a instituição já pediu licença ao Banco Central (BC) para atuar no Brasil.
A Financiera Independencia, maior empresa mexicana de microfinanças, pretende investir R$ 40 milhões em operações de microcrédito no Brasil até o fim do ano. O aporte será feito por meio da Finsol, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que atua no Nordeste. O dinheiro será investido na Finsol enquanto a Independencia espera autorização do Banco Central (BC) para atuar diretamente no país. Marcello Pinto, diretor da Finsol, diz que a Financiera Independencia usou a Oscip para testar se valia a pena investir mais agressivamente no microcrédito brasileiro e pedir a licença no BC.

Esporte

A pedido do Sebrae, a Fundação Getúlio Vargas fez o estudo “FGV– Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede da Copa 2014. Concluído no final de março, ele aponta que existem 448 oportunidades para os pequenos negócios nos segmentos de Construção civil, tecnologia da informação, turismo e produção associada ao turismo (gastronomia, artesanato, etc), nas 12 cidades sede da Copa do Mundo de 2014.
Foram detectadas possibilidades de negócios para pequenos empreendimentos antes, durante e após o evento esportivo.

Agências de viagens emissivas e de receptivo, fornecedores de uniformes, empresas de terraplenagem, restaurantes e outros estabelecimentos de alimentação e bebidas, comércio de reparação e manutenção de equipamentos de comunicação, empresas de Internet e infraestrutura de TI, produção de artesanato, design de produtos e embalagens, fornecedores de material e mobiliário de escritório, entre outras.

Por Christiane Marcondes, Redação do Vermelho