OAB-RJ critica cobertura da Globo sobre a morte da juíza

Em nota publicada no dia 15, a OAB/Mulher e a Articulação de Mulheres Brasileiras criticaram a matéria deste sábado, dia 13, feita pelo jornal O Globo sobre o assassinato da juíza Patrícia Acioli. Para as signatárias, o jornal preteriu a linha investigativa para dar atenção a detalhes da vida amorosa da magistrada.

"Ao invés de contribuir para o levantamento dos possíveis interessados na morte da juíza da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo e o esclarecimento do audacioso ataque, O Globo optou por oferecer noticias relacionadas à sua vida amorosa pessoal", diz um trecho da nota.

Veja abaixo a íntegra da nota

Lamentável a matéria de primeira página publicada no jornal O Globo de sábado, dia 13, referente à execução, com 21 tiros, da juíza Patrícia Acioli, ocorrida na porta de sua casa e em frente aos seus filhos. Logo abaixo da foto da mãe da juíza tomada pela dor, ao lado do caixão da filha, o jornal sob o titulo “Relações perigosas com policiais” praticou intolerável invasão na privacidade da vida amorosa da magistrada, desviando o foco da gravidade do atentado para ensaiar espetáculo de reality show exibido na matéria sequenciada em página interna desse diário.

Diante do grave atentado ao Estado de Direito democrático, cujo alvo é a independência do Judiciário, o que leitores de O Globo esperavam é que o jornal seguisse sua carta de princípios editoriais, recentemente publicada, e empregasse seus melhores esforços na cobertura dos fatos, na linha do jornalismo investigativo próprio da liberdade de imprensa.

Causa surpresa e indignação verificar que, além de desprezar essa linha, o referido jornal adotou abordagem marcada por estereótipos de gênero. Ao invés de contribuir para o levantamento dos possíveis interessados na morte da Juíza da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo e o esclarecimento do audacioso ataque, O Globo optou por oferecer notícias relacionadas à sua vida amorosa pessoal. É preciso que o jornal O Globo se reoriente!

Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2011
Articulação de Mulheres Brasileiras
OAB – Mulher do Estado do Rio de Janeiro