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Grampos do News of the World eram discutidos abertamente

O ex-repórter do tabloide britânico News of the World, Clive Goodman, divulgou nesta terça-feira (16) uma carta que revela que as escutas telefônicas feitas pelos jornalistas eram discutidas abertamente nas reuniões de pauta do jornal.

Segundo o documento, que também foi entregue ao Parlamento britânico, a direção do jornal, incluindo James e Rupert Murdoch, sabiam e apoiavam a prática, o que até então havia sido negado pelos donos da News Corporation.

Na carta endereçada ao diretor de Recursos Humanos da News International – braço britânico da News Corporation -, Goodman afirma que os grampos eram “amplamente discutidos” nas reuniões editoriais e que não poderia ser demitido porque atuava com o consentimento de seus superiores.

“A decisão é perversa porque as ações que levaram a essa ação criminal foram feitas com conhecimento e apoio total [da direção]. E é inconsistente porque outros membros da equipe estavam fazendo o mesmo”, escreveu.

Na ocasião em que a data foi escrita, 2 de março de 2007, o ex-repórter foi condenado a quatro meses de prisão por envolvimento com as escutas praticadas pelo extinto tabloide.

Segundo Goodman, seu ex-redator-chefe Andy Coulson garantiu que o jornalista poderia voltar a trabalhar no News of the World se não envolvesse o jornal em seu caso. No texto, o ex-repórter diz também que a prática das escutas só deixou de ser discutida explicitamente a pedido de Coulson, jornalista que editou o tabloide entre 2003 e 2007.

Após os escândalos envolvendo Goodman, Coulson se demitiu e em seguida assumiu o cargo de porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron, ao qual renunciou em janeiro por causa das novas denúncias contra o jornal. Com as novas denúncias, James Murdoch poderá voltar a ser interrogado pelo Ministério Público sobre o assunto.

O deputado trabalhista Tom Watson, membro do Comitê dos Meios de Comunicação e Esportes da Câmara dos Comuns, classificou as novas revelações são "devastadoras". Para ele, Murdoch teria "enganado" o comitê e "condicionado" o curso da investigação quando prestou depoimento. Agora, novos esclarecimentos terão que ser perstados.

Fonte: Opera Mundi