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Cuba aponta contradição e mentira em relatório dos EUA

O site cubano Cuba Debate publicou artigo, nesta sexta (19), reagindo ao novo informe oficial dos Estados Unidos que inclui o país em uma lista de nações terroristas. O texto questiona: "a quem os Estados Unidos querem enganar?".

Intitulado "A nova velha mentira dos Estados Unidos: Cuba, país terrorista", o artigo demonstra o caráter contraditório e infundado do relatório e afirma que o próprio comunicado de Washington prova "a seriedade com a qual a ilha enfrenta" o terrorismo. Leia abaixo:
 
A nova velha mentira dos Estados Unidos: Cuba, país terrorista
Por Rodolfo Romero Reyes, em Cuba Debate

Os Estados Unidos divulgaram, nesta quinta-feira, 18 de agosto, os chamado "informes por países sobre terrorismo no ano de 2010", que coloca Cuba como um "Estado patrocinador" dessas atividades, junto ao Irã, Síria e Sudão.

A notícia é velha: desde 1982, o Departamento de Estado norte-americano inclui a ilha em sua lista negra anual e, a cada ano que passa, a única coisa que aumenta são as inconsistências em sua argumentação. O relatório recorre, pela enésima vez, aos velhos e indemonstráveis lugares-comuns de que Cuba apoia as FARC e o ETA – que caem sob seu próprio peso -, e, posteriormente, o informe resenha uma série fatos que provam unicamente a seriedade com que a ilha enfrenta este flagelo.

Vejamos por pontos:

1.-O relatório afirma que não há evidências de que tenha sido rompida a relação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). No entanto, reconhece que foi um "contato limitado com os membros das FARC, mas não houve evidência de apoio financeiro material, direto ou em curso."

2 .- Sem citar fontes ou atribuir a ninguém, diz que "recentes informes da imprensa recentes indicam que alguns membros atuais e anteriores da Pátria Basca e Liberdade (ETA) ainda estão vivendo em Cuba." No entanto, reconhece que, durante o mês de março do ano passado, as autoridades cubanas "autorizaram a polícia espanhola a viajar para Cuba para confirmar a presença de supostos membros da ETA".

Estes são os supostos "pecados" de Cuba, que já quiseram por um dia de festa muitos dos países que não estão na lista de terroristas, começando por aquele que redige o relatório. A partir desse primeiro parágrafo, e sem nada "ruim" para adicionar, os fatos são despojados de toda a retórica e vão direto ao ponto:

1.-Reconhece os esforços do governo cubano para evitar que os imigrantes de países terceiros cheguem aos Estados Unidos ilegalmente e atentem contra a integridade de suas fronteiras e a segurança transnacional.

2.-Cuba investigou o contrabando de imigrantes e outras atividades relacionadas através de um país terceiro.

3.-No mês de novembro, "permitiu que representantes da Administração de Segurança em Transporte (TSA) conduzisse uma série de inspeções de segurança nos aeroportos da ilha."

4 .- "O governo cubano continua a perseguir agressivamente pessoas suspeitas de atos terroristas em Cuba."

E – oh, que surpresa! -, cita como exemplo a extradição da Venezuela do terrorista salvadorenho confesso Francisco Antonio Chávez Abarca, por sua "suposta participação em uma série de atentados com bombas contra hotéis e instalações turísticas em meados da década de 1990." Uma participação demonstrada em julgamento em Havana. O relatório reconhece que ele foi considerado culpado e condenado a "30 anos de prisão sob acusação de terrorismo … O Supremo Tribunal cubano mudou as sentenças de mortes de dois salvadorenhos René Cruz Leon e Otto René Rodríguez Llerena, que tinham sido condenados por terrorismo."

O extraordinário é que essa percepção do governo dos EUA em direção a Cuba coincide com um telegrama, datado de setembro de 2009, divulgado pelo Wikileaks e emitida pelo chefe da Seção de Interesses dos EUA em Havana. Jonathan D. Farrar conta a seus superiores sobre a reunião realizada em Havana entre Bisa Williams, subsecretária do Departamento de Estado, e o vice-ministro de Relações Exteriores, Dagoberto Rodriguez. Segundo o relatório, Williams disse que Cuba poderia ser retirada da lista, se procedimentos específicos fossem seguidos e se fosse efetuada uma revisão do processo entre ambos os lados.

Nem Farrar, nem Bisa Williams, nem ninguém no seu perfeito juízo iria incluir Cuba, com informe ou sem ele, na lista de países que patrocinam o terrorismo. Ao que poderíamos acrescentar que aqueles que, a cada ano, são obrigados a escrevê-lo não só não acredita na mentira, mas passam pelo inferno para engendrar um parágrafo com o outro.

A pergunta, então é: a quem os Estados Unidos querem enganar?