Índia: ativista faz greve de fome diz estar aberto ao diálogo
O ativista social indiano Anna Hazare afirmou neste domingo (21) estar aberto ao diálogo com o governo, mas advertiu que manterá sua greve de fome enquanto não for aprovado um forte projeto de lei contra a corrupção.
Publicado 21/08/2011 13:16
"O caminho das negociações não está fechado para nós. Ainda está aberto. Só o diálogo pode resolver os problemas", disse Hazare, que cumpre um jejum por tempo indefinido numa praça central da capital em demanda de um Lokpal (escritório anticorrupção) de vasto alcance.
Os políticos são gente saída de nós, mas depois de eleitos esquecem que são servidores do povo (…) Elegemo-los para que nos representem, não para fazer o que queiram, mas nos traíram, de modo que este movimento é necessário", disse a milhares de cidadãos que o acompanham no Ramlila Ground.
"Estabeleceremos conversas quando quiser (o governo), mas não vamos ceder no Lokpal", advertiu no meio dos aplausos da multidão, que diferentemente de dias anteriores, quando choveu intensamente em Nova Déli, hoje suporta um sol inclemente.
Há alguns dias, o lutador social deu como prazo máximo ao Executivo 30 de agosto para aprovar uma legislação à medida dos desejos da sociedade civil e assegurou que, caso contrário, levará sua greve de fome "até as últimas conseqüências".
Ontem à noite, o primeiro-ministro Manmohan Singh desconsiderou o ultimato, mas concordou com a necessidade de "eliminar os obstáculos no caminho" e convocou a oposição e a sociedade civil a "trabalharem juntos para impulsionar um Lokpal forte e eficaz".
"O segundo Gandhi", como começam a chamar o ativista na Índia, qualificou seu movimento de uma revolução diferente por seu caráter pacifista e o considerou uma lição para o resto do mundo.
Em seu sexto dia de jejum -iniciado nesta terça-feira em a manhã, coincidindo com sua temporária detenção pela polícia- Hazare, de 74 anos, mantém uma condição de saúde estável, ainda que ontem tenha confessado ter perdido vários quilos.
"Sinto-me um pouco débil, mas não há por que se preocupar. A luta continuará até conseguir um forte Lokpa", dissel.
O ativista social e seus seguidores exigem que o planejado escritório anticorrupção possa julgar qualquer cidadão suspeito de práticas fraudulentas sem importar cargo, faixa ou condição social.
O projeto de lei proposto pelo governo deixa fora de seu alcance o primeiro-ministro e os membros do gabinete, do Parlamento e do Poder Judicial, entre outras figuras públicas.
Fonte: Prensa Latina