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Morre Barros de Castro, ex-presidente do BNDES

O economista Antônio Barros de Castro, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), morreu na manhã deste domingo (22) após o desabamento de parte da laje da casa onde morava no Humaitá, zona Sul do Rio. A laje do escritório desabou sobre Castro, que morreu na hora. O economista deixa quatro filhos, uma neta e a mulher, a também economista Ana Célia Castro.

Doutor em economia pela Unicamp, Barros de Castro foi presidente do BNDES entre outubro de 1992 e março de 1993 (fim do governo Fernando Collor de Mello e começo do governo Itamar Franco). Voltou ao banco entre 2005 e 2007 como diretor de Planejamento a convite do então presidente da instituição, Guido Mantega. Na gestão de Luciano Coutinho foi assessor-sênior da instituição.

Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), era especialista em política industrial e vinha, nos últimos anos, estudando com muita atenção a importância da China na economia mundial. Questionava a competitividade da indústria brasileira, que caracterizou, de "descartável do ponto de vista internacional", em entrevista ao Valor publicada em fevereiro.

Castro era do grupo de economistas desenvolvimentistas que se inspirava nas ideias da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal). Junto com Carlos Lessa escreveu, no início dos anos 60, o livro " Introdução à Economia, uma análise estruturalista", um clássico nas faculdades e um sucesso editorial, com 46 edições em português.

Ele foi diretor do Instituto de Economia da UFRJ e um dos quatro professores eméritos de economia da UFRJ, junto com Carlos Lessa, Maria da Conceição Tavares e Antonio Lopes Rodrigues, como lembrou Lessa ao Valor.

"Eu e Castro fomos companheiros de faculdade, estudamos na mesma turma em uma época em que economia não era grande coisa, e tivemos a sorte histórica de nos formarmos no final dos 50, após vencermos a Copa do Mundo e do Plano de Metas de Juscelino, e antes do [governo] Janio Quadros. E então a profissão de economista entrou na moda", lembra Lessa.

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, lamentou o falecimento, em nota. "O professor Barros de Castro foi capaz de conciliar uma brilhante carreira acadêmica, tornando-se uma referência no pensamento econômico brasileiro, com o enfrentamento de grandes desafios como homem publico."

Em entrevista concedida ao Valor em dezembro de 2010, ele relatava que percebia uma efervescência entre pesquisadores, com propostas ricas e inovadoras, que deixava evidente que o Brasil vem acumulando forças para "um possível e desejado ingresso na economia do conhecimento". Ele festejava o aumento dos recursos públicos para inovação, mas ponderava que os resultados são "bastante modestos, medíocres, pois falta estratégia". E lembrava que "é preciso saber se a China não está fazendo mais inovações ainda". Citando a Rainha de Copas, personagem de Alice no País das Maravilhas, ponderava: "É preciso correr, mas correr mais rápido que os outros."

O velório será hoje no átrio da capela da UFRJ, no campus da Praia Vermelha, em horário que ainda não estava definido até o fechamento desta edição.

Fonte: O Valor Econômico