Contrarrevolucionários anunciam mudança de sede para Trípoli
As forças leais ao imperialismo na Líbia anunciaram nesta terça-feira (23) que mudarão nos próximos dois dias sua sede de Benghazi para Trípoli, após terem anunciado a ocupação do complexo de Bab al-Aziziyah, um local simbólico de Trípoli, sede da antiga casa de Kadafi destruída em 1986 por um ataque norte-americano, que vitimou na época mil pessoas e uma de suas filhas.
Publicado 23/08/2011 20:01
Embora muitos achem prematuro anunciar o fim de Kadafi, os contrarrevolucionários do Conselho Nacional de Transição querem mostrar que o antigo governo "já não responde pelo país".
Barein, Iraque, Malta, Marrocos, Nigéria e Noruega fazem parte dos cerca de 30 países que já reconhecem o CNT como novo governo da Líbia.
Um repórter da al-Jazeera foi ferido nos combates no complexo, saqueado pelos contrarrevolucionários.
O presidente da Federação Mundial de Xadrez, o russo Kirsan Iliumjinov, que chegou a disputar uma partida com Kadafi há menos de dois meses, disse ter falado por telefone com o líder líbio, que teria dito que está bem, em algum lugar de Trípoli.
Segundo a rede de TV catariana al-Jazira, o reaparecimento do filho de Kadafi, Saif al-Islam, nas ruas de Trípoli minava a credibilidade das informações divulgadas pelos rebeldes.
Otan diz que fica
Horas depois de o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, afirmar que os bombardeios da Otan vão terminar "assim que possível", a aliança informou nesta terça que as operações continuariam.
Oana Lungescu, uma das porta-vozes do Pacto Militar, afirmou que a organização terá "um papel na Líbia" pós-Kadafi, sem especificar qual será essa participação. A Otan deixa entrever em suas declarações que não deposita confiança nos elementos que participarão do suposto governo contrarrevolucionário.
Nesta terça, de acordo com Lizzie Phelan, uma das jornalistas independentes que cobrem os acontecimentos em Trípoli, houve troca de tiros durante todo o dia e noite na capital, revelando que a cidade permanece sem controle visível por parte do exército regular ou dos contrarrevolucionários.
A confusão não era apenas vista em Trípoli. O centro de comando das forças leais ao imperialismo, em Benghazi, foi eivado de acusações, dúvidas e confusão, segundo declarou a correspondente da al-Jazira na cidade, Jacky Rowland.
A confusão deve-se também às informações do aprisionamento de figuras do governo de Kadafi, posteriormente desmentidas. Mas o mais evidente é que a oposição a Kadafi é composta por forças muito divergentes entre si, que inclui monarquistas pró-ocidentais do antigo regime, islamistas da Al-Qaida, trotsquistas e empresários, além de muitas figuras que desertaram do governo
A maior prova de que o balaio de gatos que forma o CNT é o assassinato do ex-ministro do Interior de Kadafi e comandante militar rebelde Abdul Fatah Iunis em 28 de julho, supostamente assassinado por rebeldes islamistas. Sozinhos, os contrarrevolucionários em breve combaterão uns contra os outros.
Brasil aguarda definição
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, disse hoje que os contrarrevolucionários na Líbia devem apresentar garantias que assegurem a união nacional no país, para que possam ser reconhecidos como representantes do governo de transição.
Segundo ele, o governo provisório exercido pelo Conselho Nacional Transição – controlado pelos rebeldes – deve apresentar-se como capaz de estabelecer a unidade e reconciliação.
O chanceler disse ainda que o receio da comunidade internacional em relação à Líbia também está associado à fragilidade das instituições públicas no país, assim como a ausência de uma Constituição.
“A Líbia é muito frágil em termos de instituições, sem uma Constituição propriamente dita, e que tem um longo caminho a percorrer em termos de progressos institucional e democratização. O Brasil está acompanhando de perto, como membro do Conselho de Segurança, examina quais as medidas necessárias”, disse Patriota.
O chanceler falou sobre a situação da Líbia depois de almoçar com o secretário dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Albert Del Rosario, no Itamaraty. Na conversa, eles trataram sobre a questão da Líbia porque Rosario foi três vezes ao país e contou que há inúmeros imigrantes filipinos vivendo em território líbio.
“O Conselho representa uma região da Líbia [a cidade de Benghazi], então seria fundamental aos olhos da União Africana que se estabelecesse um governo de união nacional, que tivesse controle sobre todo o território e legitimidade aos olhos da população e evidentemente representasse uma transição para uma situação mais democrática”, disse o chanceler.
Com agências