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Os artistas não morrem jamais

A frase é da mãe de Glauber Rocha, Lúcia, que participou de sessão solene em homenagem ao seu filho nesta terça (23) no Plenário do Senado. A cerimônia contou com a presença de três gerações da família Rocha – a mãe dele, que cuida de seu acervo, a filha Paloma e a neta Sara. Glauber Rocha foi um dos pais do Cinema Novo, movimento iniciado na década de 1950 que pregava o rompimento com o cinema norte-americano, a estética artificial e a temática de conto de fadas.

Principalmente,  defendia a criação de um cinema genuinamente brasileiro, que retratasse a realidade nacional e não escondesse as mazelas sociais.

“Glauber fez um cinema muito diferente do que existia naquele momento. Foi um homem à frente de seu tempo”, afirmou a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), que tomou a iniciativa de homenagear o cineasta no Plenário.

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Desde o início do mês, a TV Senado está exibindo filmes dirigidos por Glauber e documentários sobre ele. Neste domingo, às 21h, O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) encerrará o ciclo de homenagens.

Primeiros passos

Glauber Rocha nasceu em 1939, na cidade baiana de Vitória da Conquista. Tinha apenas 9 anos quando, no colégio, escreveu e dirigiu sua primeira peça de teatro. Quatro anos mais tarde, já era crítico de cinema em um programa de rádio em Salvador.

Antes de mergulhar no cinema, Glauber chegou a se aventurar pelo Direito – cursou os primeiros anos do curso na universidade mais conceituada da Bahia – e pelo Jornalismo, como repórter de polícia num jornal de Salvador. Mas a paixão pela arte acabou falando mais alto.

No princípio, Glauber era mais reconhecido no exterior do que no Brasil. No prestigioso Festival de Cannes, na França, ganhou vários prêmios. Em seu próprio país, suas produções permaneciam incompreendidas.

Personalidade polêmica, conseguia ser criticado tanto pela direita quanto pela esquerda. Suas produções suas foram censuradas pela ditadura militar. Foi preso, acusado de subversão, após participar de um protesto no Rio de Janeiro.

A repercussão da prisão foi tão grande no exterior que ele acabou sendo libertado alguns dias depois. No início dos anos 1970, partiu para um período de exílio no exterior. Em 1981, foi diagnosticado com pericardite viral. Acabou tendo complicações pulmonares e não resistiu. Em clima de comoção, seu corpo foi velado no Parque Lage, no Rio de Janeiro, cenário de Terra em Transe.

Seu acervo, com mais de 100 mil documentos, está no Tempo Glauber, espaço organizado pela sua mãe, Lúcia. Para saber mais sobre o cineasta, acesse o site dedicado à sua obra.

Redação Vermelho com informações da Agência Senado