Pesquisadora cearense fará parte do Doutorado em Harvard

Dizem por aí que tem cearense em todo lugar. Também é grande o número de aprovação dos conterrâneos em concursos e que conquistam bolsas de estudos. Luciana Rocha Faustino é uma dessas vitoriosas que representará o Ceará, através da pesquisa, mundo afora. Formada em Ciências Biológicas, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), a jovem doutoranda de 27 anos, passará nove meses pesquisando no Hospital Geral de Massachusetts, da Escola de Medicina da Harvard.

A inclinação para o lado acadêmico surgiu ainda na graduação. “Foi por volta da metade do curso na Universidade. No entanto, na UFC as pesquisas na área em que eu mais me interessei, Reprodução e Embriologia, eram escassas. De certo modo isso foi positivo, pois pude ter contato com algumas áreas e descobri que eu queria mesmo era atuar nessa área”, avalia. Em seu trabalho de final de curso, Luciana testou o uso da água de côco em pó para conservação de espermatozóides.

A doutoranda considera que o caminho trilhado dentro da Universidade foi tranquilo, embora a parte da pesquisa científica tenha ficado mais para o final do curso. “Somente no meio do curso é que resolvi procurar clínicas de Reprodução Humana para estágio. Felizmente, em um deles, conheci pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE) que trabalhavam com Reprodução Animal e então pude atuar de forma mais efetiva nesse campo”.

Luciana atuou em duas clínicas de reprodução: BIOS Centro de Reprodução Assistida, com estágio não remunerado; e CRIAR Reprodução Assistida, onde atuou por dois meses como Bióloga. “Avalio que fiz um pouco de pesquisa na clínica, mas não foi de forma tão ativa quanto o que tive de pesquisar no Mestrado. No entanto, tive muito apoio dos funcionários da CRIAR para seguir meu caminho na pesquisa. Foi quando decidi largar o estágio e seguir a carreira acadêmica, iniciando o Mestrado”.

Mais um passo

Durante o Mestrado, Luciana continuou dedicando suas pesquisas à Reprodução Animal, procurando descobrir protocolos para o congelamento do ovário de fêmeas (cabras e ovelhas), em busca de preservar a fertilidade desses animais. “O material genético pode ser mantido em criobancos (espécie de câmaras frias) e utilizado posteriormente em programas de reprodução animal assistida, como a produção in vitro de embriões”, exemplifica.

Após o sucesso nas pesquisas da dissertação de Mestrado, o Doutorado surge como mais uma etapa. “Depois que me encontrei na pesquisa e passei pela experiência de fazer um Mestrado, o caminho para o Doutorado ficou ainda mais tranquilo. O tema da minha tese continua basicamente na mesma linha de raciocínio do Mestrado. No entanto, também vou trabalhar com um tema bastante inovador e interessante que são as células-tronco, no caso, no ovário de animais”, explica a pesquisadora.

Luciana passará uma temporada de nove meses em Harvard, complementando estudos para tua tese de Doutorado. “A pesquisa será no Hospital Geral de Massachusetts, da Escola de Medicina da Havard. Minha expectativa é a melhor possível, já que terei a oportunidade de trabalhar com pesquisadores bastante renomados no meio acadêmico. Espero fazer o melhor possível e aprender bastante durante esse período”.

Questionada sobre as principais dificuldades no meio acadêmico ao longo desses anos de pesquisa, Luciana foi enfática: “As principais dificuldades foram os resultados. Na vida acadêmica, nem sempre você encontra os resultados esperados e os experimentos às vezes demoram para dar certo. No meio disso tudo, trabalhamos com tempo estipulado para finalizar o projeto”.

Próximos desafios

Segundo Luciana, os próximos desafios estão diretamente vinculados à pesquisa realizada no exterior. “Terei que aprender técnicas novas e estudar bastante para, como se diz, dar conta do recado”.

Incentivar novos pesquisadores é um dos objetivos da jovem doutoranda cearense. “Acredito que ainda temos muito a avançar no modo como fazemos pesquisa no Brasil. Espero contribuir da melhor forma possível, através da minha experiência, para a melhoria da pesquisa em nosso país e ajudar a formar novos pesquisadores com essa mesma intenção”.

Os estudos de Luciana Faustino são financiados por uma iniciativa conjunta da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Comissão Fulbright.

De Fortaleza,
Carolina Campos