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Ibovespa reconquista os 57 mil pontos e tem alta semanal de 2,6%

Na cola das bolsas americanas e das principais europeias, o mercado acionário brasileiro cravou nesta sexta (16) a terceira alta seguida e o Ibovespa conseguiu retomar a linha dos 57 mil pontos. Apenas seis de suas ações caíram e as principais altas partiram dos papéis mais defensivos.

O dia foi marcado por mais volatilidade nas bolsas mundiais e sem notícias animadoras. Um desfecho da crise europeia ainda mostra-se longe de ser alcançado. No Brasil, com ganhos acentuados ao fim dos negócios, o Ibovespa encerrou com alta de 1,47%, aos 57.210 pontos. O giro financeiro, contudo, foi de apenas R$ 5,285 bilhões.

Na semana, o Ibovespa subiu 2,6% e, no mês, acumula ganho de 1,3%. Já em 2011, a bolsa nacional ainda perde 17,5%.

No mercado americano, as bolsas registraram altas mais modestas. O índice Dow Jones subiu 0,66%, aos 11.509,09 pontos, enquanto o Nasdaq ganhou 0,58%, aos 2.622,31 pontos, e o S&P 500 teve valorização de 0,57%, aos 1.216,01 pontos.

Na semana, Wall Street teve apreciação em todos os pregões e o Dow Jones acumulou aumento de 4,7%, o Nasdaq subiu 6,3% e o S&P 500 ganhou 5,4%.

Dois eventos proporcionaram maior instabilidade: no Brasil, a tradicional briga entre “comprados” e “vendidos” na véspera do vencimento de opções e, nos Estados Unidos, o vencimento quádruplo, quando expiram, ao mesmo tempo, os contratos futuros sobre índices acionários e de ações e as opções sobre índices e sobre ações.

A olhar pelos poucos eventos do dia, o investidor não teve motivos para otimismo. A reunião de ministros europeus de Finanças na Polônia, da qual o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, participou, não trouxe novidades positivas.

Pelo contrário. A decisão sobre a liberação de nova parcela do socorro financeiro à Grécia foi adiada para outubro. E mesmo as cobranças de Geithner de mais empenho europeu para solucionar a crise não surtiram efeito. Pelo menos não agora.

"Temos visões ligeiramente diferentes de tempos em tempos de nossos colegas americanos quando se trata de pacotes de estímulo fiscal", afirmou o premiê de Luxemburgo e chefe do grupo de ministros das Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker. "Não vemos qualquer espaço para manobra na zona do euro que permita lançar novos pacotes de estímulo fiscal. Não será possível."

Vale lembrar que, ontem, o Banco Central Europeu (BCE), o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), o Banco da Inglaterra, o Banco do Japão e o Banco Nacional Suíço adotaram uma ação coordenada para oferecer liquidez em dólares aos bancos europeus.

Para o estrategista de renda variável do HSBC, Carlos Nunes, um default da Grécia é inevitável e a discussão agora gira “apenas” em torno de como ele será conduzido.

O analista internacional da Cruzeiro do Sul Corretora Jason Vieira tem uma visão alinhada com a do estrategista. “A decisão conjunta dos bancos centrais mais parece um prenúncio de default grego. Não há uma solução definitiva para o país”, destaca.

Para a próxima semana, as atenções do mercado estão voltadas à reunião de política monetária do Fed, na terça e na quarta-feira. Os analistas consultados concordam com a análise de que a economia americana não sofre de um problema de liquidez, mas de confiança, falta de consumo. “O que o Fed pode fazer é dar um destaque maior para a injeção de liquidez coordenada com os outros bancos centrais. Não consigo ver nada muito além”, diz Vieira, da Cruzeiro do Sul.

Nunes, do HSBC, avalia que uma terceira edição do chamado "quantitative easing" (QE), mecanismo pelo qual o Fed compra títulos públicos para injetar dinheiro na economia, não é a saída para tirar a economia americana do buraco. “O viés de recessão ou de ao menos um crescimento medíocre continuará. Um QE3 pode até dar um fôlego ao mercado, mas não altera a situação, como já foi comprovado pelo QE2. O problema dos Estados Unidos não é de liquidez no setor bancário”, frisa o estrategista.

Empresas

Dentro do Ibovespa, as maiores altas partiram dos papéis Eletrobras ON (8,35%, a R$ 17,64) e PNB (5,97%, a R$ 22,88). Além disso, Telesp PN subiu 5,61%, a R$ 52,50, B2W ON ganhou 5,32%, a R$ 17,60, e Telemar Norte Leste PNA ganhou 4,88%, a R$ 44.

Já as poucas quedas foram lideradas pelas ações Marfrig ON (-0,63%, a R$ 7,87), Hypermarcas ON (-0,82%, a R$ 11,97) e Usiminas ON (-0,95%, a R$ 23,85). Os controladores da siderúrgica e do grupo Gerdau negaram hoje negociações de compra de participações acionárias na Usiminas.

Dentre as “blue chips”, Vale PNA ganhou 0,65%, a R$ 43, com giro financeiro de R$ 652 milhões, e Petrobras PN avançou 0,48%, a R$ 20,65, com volume de R$ 269 milhões. Com R$ 289 milhões negociados, as ações PN do Itaú Unibanco subiram 1,91%, a R$ 29,30.

Fonte: Beatriz Cutait | Valor