Debate inaugura seção caxiense da Fundação Maurício Grabois
Com o auditório do Salão de Atos da Reitoria da Universidade de Caxias do Sul (UCS) lotado por mais de 150 pessoas, a Fundação Maurício Grabois instalou seção inédita na Serra Gaúcha na última sexta-feira, dia 16 de setembro.
Publicado 19/09/2011 17:27 | Editado 04/03/2020 17:10

A inauguração ocorreu com palestra com o seguinte título: “O declínio do capitalismo no mundo contemporâneo e os reflexos da crise econômica internacional no Brasil a partir da revisão de teses marxistas.” A temática foi abordada pelos debatedores Maria Carolina Rosa Gullo, doutora em Economia, Raquel Sebastiani, mestre em Sociologia, e Lécio Morais, mestre em Ciência Política e coordenador da assessoria da Liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados.
O evento contou ainda com participação do diretor administrativo e financeiro da Fundação, Leocir Costa Rosa, e do coordenador da seção da Grabois no Rio Grande do Sul, Daniel Sebastiani. Entre a numerosa plateia formada por acadêmicos de diversos cursos superiores, docentes e lideranças de movimentos sociais, estavam o deputado federal Assis Melo, o presidente do PCdoB caxiense, Silvio Frasson, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil do RS (CTB-RS), Guiomar Vidor, o presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul (Fucs), Roque Grazziotin, entre outras autoridades. A palestra teve mediação do jornalista e acadêmico de História Roberto Carlos Dias, empossado como coordenador-geral do núcleo da Fundação Maurício Grabois Serra Gaúcha.
Antes da palestra, Leocir e Sebastiani falaram em nome da fundação. O dirigente nacional destacou que o papel central da fundação é capilarizar as ideias ao mencionar a existência de mais de 24 mil fotos e mais de 30 mil documentos que estão sendo digitalizados no Centro de Documentação e Memória (CDM). As publicações da fundação, prosseguiu Leocir, priorizam temas como meio ambiente, economia e desenvolvimento, além de servir como importante instrumento de formação política por meio da escola, que já capacitou 2,5 mil pessoas. Sebastiani endossou as palavras de Leocir e elogiou a iniciativa da Serra de constituir uma seção própria.
Após, as considerações dos representantes da Grabois, Raquel fez uma abordagem voltada ao contexto histórico, da origem do capitalismo no mundo, com uma crítica acentuada na confusão que esse sistema cria entre bancos e empresas monopolistas, que tratam o trabalho como mercadoria.
Maria Carolina discorreu sobre o impacto com olhar na economia regional e na geração de empregos. A palestrante dividiu com a plateia que se fosse questionada sobre qual a crise que mais lhe preocuparia não teria dúvidas em afirmar ser a Européia.
“Há cinco, sete anos, ninguém falava do Brasil, Rússia, China e Índia. A geopolítica mudou. O que me preocupa é a crise além-mar. Importamos da China, mas também importamos muito da Itália Com isso o reverso pode acontecer, com imigração acentuada de mão de obra vinda para todos os lugares”, alertou Maria Carolina, destacando que o crescimento na região foi menor, mas em contrapartida a indústria a teve a maior média de crescimento.
Já Lécio Morais abordou os reflexos da crise internacional no Brasil, com considerações sobre a experiência de 2008 e a expectativa atual. O cientista político considera a crise atual um reforçamento da de 2008.
“O que o Brasil passou em 2008 não foi barato. Perdemos todo o crescimento de 2009. Os investimentos permitiram que o governo saísse com o prejuízo muito pequeno. O governo Lula teve a ousadia de fazer políticas que nunca aconteciam. A crise é própria do capitalismo. Essa crise de 2008 é mais devastadora, talvez, se comparada à da década de 30. Enfrentamos a crise com ousadia e a experiência nos ensinou que temos condições de enfrentar a crise atual, que antes era só do centro capitalista, mais preparados.”
Na condição de membro titular da Comissão do Trabalho, Administração e do Serviço Público, o deputado Assis Melo considerou importante o debate e a contribuição da Fundação Maurício Grabois, mas fez uma ressalva que a crise não pode ser vista apenas no espectro econômico, mas também sobre o ponto de vista político. “Temos de debater como o pré-sal, por exemplo, pode ajudar no enfrentamento da crise”, sugeriu o deputado.
Antes de encerrar a atividade, Roberto Carlos apresentou os demais coordenadores que o ajudarão a colocar em prática os projetos e objetivos da Grabois Serra Gaúcha.
De Caxias do Sul,
Roberto Carlos Dias